quinta-feira, 2 de junho de 2011

Bastidores da fé


Ao receber minha primeira pauta como repórter especial fiquei super empolgado. O desafio de descobrir o processo de abrir uma igreja, ou melhor, um culto religioso, foi primoroso. Recebi dentro de mim aquela injeção de ânimo que faltava há algum tempo. Cai em campo.

Começei a listar os possíveis personagens e fui em busca da história. De cara me assustei com a facilidade. O artigo 150 da Constituição Federal tira qualquer tipo de tributação de cultos religiosos. Aí já viu. Se a Constituição aplica isso, quem será contra ela? Sem chance.

Matéria da Tribuna Independente desta quinta-feira, 2, mostra exatamente isso. As facilidades de abrir uma igreja evangélica e o que outras religiões acham disso. Falei com o pastor Jonas, da Congregação Batista Alagoana, um amor de pessoa, um homem de fé e do bem. Ele lamentou a disseminação das igrejas chamadas neo-pentencostais, porém disse que o Evangelho de Deus ganha mais divulgação com essas igrejas.

Ouvi também o padre Eduardo Tadeu, outra figura amável e altamente disponível. Muito claramente, o padre mostrou como o ordenamento canônico ordena a criação de uma paróquia. Ambos os líderes religiosos recriminaram a deturpação do evangelho em detrimento ao bem próprio. Como todo texto, a Bíblia é interpretativa e fica exposta a distorções quase que criminosas. Uma lástima.

Quando consegui um personagem para falar sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, o modelo empresarial instalado na igreja impossibilitou que integrantes se manifestassem. Câmeras e o silêncio por toda parte na sede da igreja em Alagoas me impressionaram. Luxo, ostentação e poder, foi isso que meus olhos apuraram. A lei do silêncio e do comedimento prevaleceram lamentavelmente.

São cinco cultos por dia, e quatro em cada dia do fim de semana. Calculem cada fiel dando R$ 5 pelo menos.... 15 mil pessoas, só no templo.....rentável, né. Sem impostos....carros e movimentações financeiras....pois bem. É revoltante!

Por mais que existam justificativas de obras sociais, bem estar dos fiéis, mas se não há nada a esconder, por que tanto medo, receio ou comedimento ao falarr? Ouvi de um pastor que a igonrância alheia é culpa da discriminação, mas então por qual motivo quando eles são chamados a falar gratuitamente, eles não se expõem? Enfim...cada um com seu motivo.

Soube ontem que uma evangélica tinha quebrado uma imagem de Padre Cícero, no município de Satuba. É por ai? O acirramento de uma guerra? E lendo a biografia de Padre Cícero vi um detalhe interessante. O "Padim Ciço" acumulou bens, assim como os bispos e pastores evangélicos, ganharam riqueza, e por isso Cícero Romão Batista foi excomungado por Roma. Hoje o papa Bento XVI estuda a possibilidade de devolver a batina ao 'santo' nordestino. Será que aclamação semelhante vai acontecer com os evangélicos no futuro. O fim da discriminação entre essas religiões? A palavra de Padre Cícero arregimentou milhares e isso acontece até hoje, ele falava a língua do povo, assim como os evangélicos. Até a Igreja Católica reagiu criando a Renovação Carismática para se aproximar do povo..... Enfim...não sei onde vamos chegar, todos esperam o caminho de Deus, estamos no rumo certo?

Um comentário:

  1. Uma brilhante matéria cadu;E a maneira que você descreve os fatos já é exemplo a ser seguido para mim,pois ao ler esta,é como se eu estivesse ali,vendo de fato,todo seu relato.
    Parabéns e um forte abraço.

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