terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu sou invisível


Qualquer semelhança é mera coincidência. Pesquisando sobre um post para o blog deparei-me com uma sinopse de um livro que certamente tenho que ler. As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky, relata a angustiante história de um moleque que se corresponde com um colega e por meio de suas cartas ele dá pistas de suas angústias, motivações, empolgações e claro suas depressões.

Ele fala das dificuldades do ambiente escolar, seus obstáculos, as dificuldades de se chegar nas garotas, sua timidez, decepções, os dramas familiares, e suas curições, festa e festas para azarar, melancolias, bucolismo e tudo junto explode numa narrativa por vezes tristonha e assustadoramente comum, peculiar e cotidiana. Ou seja, todo mundo passou por isso. O Charlie, personagem principal do livro, tem uma necessidade imensa de perpetuar suas relações de amizade.

Mas é no processo de amadurecimento que a transformação é gritante. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário - será um simples diário ou cartas a amigo mesmo?

Charlie desabafa segredos mais sepulcrais e conta o que vê como se realmente não existisse. Um simples espectador que só transmite o que vê e não age, não interfere nos acontecimentos de sua própria vida. É aquele pieguismo de ser plateia de sua própria vida ao invés de pegá-la pelos cabelos e tomar as rédeas pra si.

Super me identifiquei com o Charlie. Vi nele minha evolução em colégio, onde o sorriso não me saia do rosto, o molequismo era minha marca, sem sair de uma altivez que sempre foi minha. Sempre fui calado e discreto. Porém, aos poucos, em virtude das complicações terrenas, essa introspecção se misturava com instantes extremamente depressivos e isolados. Autoestima? Sempre baixa, pois meus momentos de atuar em minha própria vida, não foram tão legais.

Ao conversar com ex-namoradas, colegas, amigos de longa data não perco a oportunidade de questioná-los, quem eu era? Como fui? As respostas são indagativas, mas emcionadas e orgulhosas (será?). Que fui amoroso, fraterno, bom, honesto, sensível e companheiro. Deixei de ser? Não sei. Certamente alguns adjetivos deixei de ter. Fechei-me, armei-me, reagi a uma vida dura e difícil. Pessoas se afastaram de mim - sem motivos aparentes, pois não tive chance de explicar. Cometi erros, paguei, os admito, mas infelizmente jamais serei o que era.

Sinto inveja daquele Du que fui, e me aborreço com o Cadu que me tornei. Não o aprovo. Isso mesmo...não me aprovo. Não sei o ponto exato que perdi a mão e descambei. Sei que até aprendi um pouco com o Charlie e descobri convivendo quais são as vantagens de ser invisível.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Rede ácida


Em tempos de redes sociais, onde pontuamos nosso dia a dia, dizemos nossos passos, manifestamos nossos desejos, desabafamos nossas angústias e como se não bastasse vomitamos futilidades, desperdiçamos cada dia que passa a oportunidade de ficarmos com os dedos amarrados.

Inimigos ferrenhos são criados por meio de uma vírgula mal colocada. Vixe meu Pai, e quem nem sabe usar uma vírgula, como fica? Aí não tem jeito...Se quer ser rotulado como piadista este é o momento. Pedantes também. No Twitter e no Facebook - orkutizado - cada um cria seu estilo e claramente, por favor, aceitem o peso das consequências.

Tem gente que tem aquela necessidade irresistível de dizer que está feliz, feliz, feliz....na certa é pra cutucar algum desafeto e dizer que está bem e tal, só para irritar terceiros. Tem aquelas pessoas que parecem ser pagas para compartilhar fotos de mensagens, frases, recados, palavras bonitinhas, versos singelos que muitos nem sabe bem o significado das palavras que estão dividindo.

Por favor, ainda tem a galera que intima ou quase ameaça...."Se não compartilhar você vai morrer no mármore do inferno"; ou ainda aqueles que falam nada mais além do mesmo...O que seria isso? Dizer..."Eu amo minha mãe"..."eu amo meu cachorro", "eu amo meus filhos"....tenha dó, gente.

Sim, sim, sim...já estamos entrando em mais que uma década de redes sociais e a galera não aprendeu ainda. Tem fulano ou fulana que faz questão de contar em posts, seu cotidiano: quando acorda, quando come - o que come, como come -, onde foi, deixou de ir..."tô na fila do banco (imagina a empolgação)"....Por essas e outras que o Mark Zuckerberg disse que o brasileiro está estragando o Facebook - com toda razão.

Pôxa....eu já cometi todos e mais alguns erros que vemos diariamente nas redes sociais e vi como é grotesco esse tipo de postura. A gente amadurece. É a tendência....quer dizer...eu creio que sim. Se não tem o que falar, fica na tua. Deixa o povo que tem conteúdo escrever.

Eu vesti a carapuça de ficar observando e me divertindo com o circo que se transformou as redes sociais. Tiro delas o melhor, suas informações, notícias, fontes, contatos, textos. Muito chato? Então dá uma parada e se diverte com o que você mesmo postou na semana passada.

sábado, 7 de abril de 2012

Sim, sou jornalista!


Só louco mesmo. Louco pra ser jornalista. Primeiro, algo muito estranho nos motiva a ser aquele povo que fica do outro lado da tela da tv. Outros mais desvairados ainda prestam vestibular para passar quatro anos da vida no intuito de se dedicar o resto da vida a escrever, falar da vida alheia. Que pecado, meu Cristo. Passamos horas nos estressando com professores descompromissados, livros que não tivemos acesso, cópias e mais cópias para ler. Aff, é um esforço hercúlio e tudo em prol de um pouco de ombridade na vida após os muros da faculdade ter ética, respeito e seriedade ao escrever para melhorar a sociedade em que vivemos.

Doidice! Uma sandice sem tamanho fritar no sol causticamente em busca de uma sonora. Esperar horas e mais horas num cubículo aguardando um figurão explicar a merda que fez. Nem louco provocaria um deputado conhecido por matar mais de 300 e questioná-lo sobre sua ficha corrida. Sob o zunir de balas no céu, esse profissional é o único que fica de pé - tem um pingo de juízo? Somos nós que vamos até o fim para encontrar - ou tentar - enxergar a verdade dos fatos mais escusos e horrendos.

Coragem? Resignação? Força? Destemor? Honra? Não se sabe, pois se for pelo salário que recebemos, sem chance. Isso sim, só um louco. Doido varrido de amor pela sociedade, que por vezes decepciona ao eleger gente tão pedante e miserável para nos representar. Somos insanos por darmos nossa vida em troca de um 'furo' de reportagem. Muitos dão a vida, o sexo, o prazer, o oportunismo e a sua própria honra em nome de um cargo, uma vaga, uma informação. É, acontece. Mas isso é pra outra espécie de jornalista. É, galera, pode crer, existem jornalista e jornalista. Ambos não estão em seu estado normal de saúde, só pode.

Não somos celebridade apesar de sempre estarmos perto delas. Nem somos as peças chaves da sociedade plena e democrática - Há controvérsias. Pois tem gente que acha que pode sim viver sem a gente. Loucos também.

Não sei, repito, não sei, o que nos leva a fazer tudo isso. Em nome de quê? De Deus? Da paz mundial? Do pão de cada dia? Não, creio que não. Deve ter algo muito maior que nos move, algum segredo que nem nós mesmo sabemos dizer. Acordamos de madrugada para apurar, falar, procurar notícia. Dormimos tardaço pelo mesmo motivo. Ficamos com fome, não comemos, criamos fadiga, desenvolvemos stresse, úlcera, LER, DORT e outras doenças de jornalista...em nome de....continuo sem saber.

Será que é pelo prazer de dar a informação que o outro não deu? Será que é pelo fato de ter a notícia que o colega não tem? De lembrar de tal fato passado e o outro não? Ou ainda de ter mais credibilidade junto a sociedade, repito, não se dizer.

Só sei que sou 24 horas um jornalista. Posso até depois buscar outra profissão, ser advogado, empresário, jogador, mas jamais deixarei de ter o espírito de jornalista. E pra isso precisa de faculdade? Sim, é necessário. Tem gente que passou pelas bancas e se mostra um péssimo profissional, imagine sem. Tá doido?

Durmo e acordo pensando no amanhã. Qual história ir atrás. Alucinado, eu? Já me perguntaram. Minha mulher já me chamou até de alienado, brincando. Sou afixionado, apaixonado, e todo aquele que sofre de amor tem sim um pouco de transtornado, malucado e maníaco.

Portanto, se me perguntarem se sou desatinado ou um delirante, sim eu sou um mentecapto de amores pelo que faço. Apesar das decepções, dos desatinos. Apesar dos pesares, sou delirantemente apaixonado pelo que faço.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dez anos depois




Foi num feriado como esse, de Páscoa. Uma Semana Santa que ficou guardada nos corações de quem esteve na Universidade Estadual da Bahia, em na Páscoa de 2002. Neste momento, na Sexta-feira Santa, estávamos enchendo a cara dentro da Universidade ao som de uma banda de Rock local. Naquele ano, os cursos de Comunicação da Ufal e do antigo Cefet foram à Salvador para o Encontro Regional de Comunicação (Erecom). O evento lá propunha a Autogestão como solução para os problemas sociais. Utópica ideia de que cada um fazendo sua parte, a harmonia reina na parada. Bobagem! Alguém sempre vai vacilar e romper esse elo. E assim aconteceu...

Cada delegação era responsável por uma tarefa do Encontro. Uma galera tomava conta das atividades, outra era responsável pela comida, uma terceira pelas palestras, limpeza, e por aí! A massa tava querendo mesmo era farrear na cidade, azarar, paquerar e beijar na boca. E assim foi feito.

A delegação alagoana nem se conhecia muito. Alunos do Cefet e Ufal se misturaram e deu uma boa fórmula. Amizade persiste até hoje. Dez anos depois vemos as consequências dos corações partidos, dos relacionamentos firmados - outros nem tanto - das intrigas, das histórias, enfim, o elo fraterno jamais se desvencilhou desde então, porém se enfraqueceu.

Quem viveu a Ufal naquele início dos anos 2000 pode avaliar o tal Erecom de Salvador como divisor de águas. Amizades fidigais surgiram, arqui-inimigas se tornaram ainda mais rivais, paixonites e amores brotaram e o Cos ganhou em dramaticidade. Mas aos poucos tudo aquilo foi se fragmentando, tornando-se pequeno, esquecível para uns até. O gigantismo da vida, do cotidiano, dos compromissos que surgiram no pós-Ufal construiu uma muralha da China entre os inseparáveis amigos.

Seja por trabalho, família, amigos novos, nos esquecemos daquilo que nos unia: o amor, o companheirismo. Eles se foram. Existem ainda, mas estão adormecidos. Basta aquela velha turma se reunir, se olhar, se abraçar que todos aqueles sentimentos embutidos dentro de nós saírem novamente. É só um empurrãozinho.

FARRAS

Bem, uma década já se passou daqueles dias que marcaram época para aqueles jovens alagoanos na capital baiana. No primeiro dia, fizemos duelo de cantorias com o a delegação cearense. Meninos esses, que pensavam que em Alagoas só tinha bocó, pois viviam flertando com nossas garotas. Perderam! Todos embriagados cantavam..."Maceió, minha sereia, Maceió....Minha jangada partindo pra o mar, pra pescar...Maceió...." Isso por altas horas.

Depois foi a vez do Pelô, da Bahia de Todos os Santos, Mercado Modelo, Itapuã. Tinha discussão até para ir pra balada. Um povo queria a curtição do Rio Vermelho, outros estavam loucos para bailar ao som da Mambolada - você se lembra? Creio que não. Não podíamos partir o busão em dois, fizemos votação então. Como também não teve sucesso, dividimos horários . Apesar de desencontros foi tudo legal.

Na boate...bem, na boate, só para vocês terem noção, tinha menina vomitando no lixeiro do banheiro, pensou até que era piscina e caiu dentro. Eram outras caindo de bêbadas, dançando como se aquele fosse o último dia de suas vidas. Últimos beijos derradeiros de uns, e os olhares iniciais de outros...

E que assim seja sempre. Foi bom, foi inesquecível, mas já foi. Dez anos do Erê de 2002, em Salvador. Eu posso dizer...eu fui!


terça-feira, 13 de março de 2012

Um dia...



Vai chegar um dia em que a vida vai olhar pra sua cara e dizer que você envelheceu, que você está demodê. Chegará um momento onde alguém vai se emputecer contigo e vai jogar as verdades em você, coisa que ninguém teve coragem de fazer em décadas de vida fazendo o errado. A oportunidade ímpar vai te chamar e nem será reconhecida por ti, putz...coragem! Os chineses dizem que a oportunidade, a chance, é um bicho que com longas madeixas, porém careca, pois quando se passa não tem como você segurar.

Um dia vão dizer "eu te amo", um dia vão mandar você ir pro inferno, no outro você pode passar no vestibular. Um dia você será aplaudido, no outro terá vergonha de si. Um dia terás o céu como teto, no outro o chão será seu tudo. Um dia você vai aprender a dirigir e vai dizer "te pego depois", no outro nem poderá sair de casa por falta de dinheiro. Um dia, um dia, um dia...

Maaaaaasssss, o que quero deixar claro aqui é que a vida, gente, sempre nos dá arestas para serem contornadas. Dias de glórias triundantes e momentos de tédio e perdas homéricas. Um dia você terá a chance de dizer tudo que deseja para seu pior inimigo. Terás a oportunidade de amenizar diferenças, do mesmo modo chegará o momento para você se apresentar como você é. Ninguém irá te defender. Os que te defendem podem ser corrompidos. A fidelidade fraterna é passageira - quando não se é firme e sincera.

Não adianta se desgastar, elencar inimizades, algozes e 'odiadores e odiados'. Primeiro de tudo, exclua essa palavra de seu vocabulário. Se quer ela pode ser pronunciada, sentida ou remoída. Esqueça! Só vai te fazer mal e te reservar apenas o ostracismo sepúlvedo e eterno.

Calma. Está clamando por justiça? O cajado pesado de Deus será o teu vingador. Nem isso eu diria, pois vingança é outra coisa tão forte, né. Quem necessariamente vem misturada com uma dose de ressentimento. Te vira. Segue tua vida. Um dia a justiça será feita. Quem é o certo nessa história? Pois até os malvadinhos pensam que fazem o certo. Ora, os cruzados matavam em nome de Deus...certo é apenas questão de ponto de vista. Então, o camarada que te fez algum mal imagina ele que está fazendo o bem, promovendo a justiça, sendo o certo. Paciência, um dia você vai entender.

Um dia, um dia...aguarde sua vez.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O pragmatismo e a modernidade




O jornalismo é algo tão mutante que a informação de segundos atrás já é velha. Ao terminar este post certamente, alguma informação que está rodando por ai em sites noticiosos, blogs e afins vai estar capenga, desde o momento que você começou a lê-lo. Agora como lidar com o pragmatismo que ainda impera no meio da comunicação. Dogmas quase clericais que jamais são ameaçados. Como ficar diante disso tudo? Se inclinar e ceder, ou simplesmente tentar nadar contra a maré.

Na história, o traidor é conhecido apenas pelo ponto de vista de quem conta a história ou de que tempo se fala a narrativa. Eu nem diria, traidor, mas sim vanguardista, ou quem sabe lá, louco ou visionário, seja lá a denominação que se queira dar àqueles que um dia tentaram contestar o vigente. Já não há mais dentro do texto jornalístico aquela história de pirâmide invertida e blá, blá, blá. Para o bem daqueles que não têm diploma e tem a foto do Gilmar Mendes na cabiceira da cama, essa estrutura de texto sem forma e livre está na moda.

Escrever uma matéria jornalística é contar história. Seja como for, você deve responder aquelas perguntinhas básicas que todo mundo faz numa simples conversade ponta de esquina. "Eita, foi mesmo? Onde foi isso? Sério? Quem fez? Oxi, porque? Caramba, será? Mas, e se....! Imagina...mas fulano também?", tô de zoação, gente. O que quero dizer é que o jornalismo literário caiu nas graças dos foquinhas e dos que tem menos de 10 anos de atuação no mercado.

Hoje, todo mundo quer enfeitar o texto e mostrar que é bom nas letrinhas e no jogo de palavras. Mas calma, lá. Lembrem-se que nos cargos de chefia ainda existem os pragmáticos, aqueles que aprenderam o jornalismo na labuta, na marra, nas coxas. Aquela galera que - por vezes - nem sabe como passar seu conhecimento, são grossos em alguns momentos, arrogantes e por aí vai. São poucos aqueles que admitem seus erros, menos ainda aqueles que aceitam sua submissão e entrega ao mundo moderno as informações em velocidade da luz.

Os medalhões do jornalismo são do tempo em que as notícias se renovavam de um dia para o outro. Agora, a cada segundo, um novo detalhe é divulgado e assim dado como mais vantajoso e estratégico do que foi noticiado há pouco. Pôxa, não tem comparação. Chega a ser covardia. Tudo bem que essa galera da geração Y ou X, sei lá, que letrinha, tem uma capacidade acima do normal de manejar as novas mídias. Cachorro velho aprende truque novo? Aprender até que aprende, porém, a maestria é mais embaixo.

Antes de me crucificarem, vamos dar justiça a importância da experiência no jornalismo. Titular, um termo diferente, uma palavra mais adequada, a calma, a ponderação e a parcimônia são fundamentais. O afoitismo atrapalha. Dar o tal do "Furo" banalizou. Todo mundo tem acesso a tudo - quase tudo. O jornalismo mudou. É fato! O que um site publica agora, pode ter sido a novidade que outro concorrente deve ter apresentado há um dia atrás. E isso acontece sempre. A corrida é tamanha, que o leitor que não viu a primeira notícia - daquele que realmente saiu na frente - vai pensar que o segundo que publicou foi o que realmente publicou.

Aí surge um questionamento interessante e que se faz presente. Nos sites jornalísticos, é melhor deixar em seus destaques aquilo que está bombando mais? Ou após um certo e louvável tempo, trocar a informação por outra nova? Bem, tem gente que é adepta do "em time que está ganhando não sem mexe". Até que...! Até quando vem outra notícia de outro site e derruba a sua. Creio que o jornalismo é tão veloz, que é necessário encontrar um modo de sempre renovar, porém dando publicidade a todas as informações importantes. Essa pluralidade da sede do internauta é tamanha que todos os públicos consomem a notícia que você noticia em seu site.

Ora, se eu ponho uma matéria sobre acidente em tal rodovia e deixo ela por mais de quatro horas, bem...vou perder um ávido público que quer ver putaria, esporte, política ou fofoca. E por aí vai....É onde o pragmatismo não deixa pensar. Não permite pensar assim até que um consultor - pago e muito bem pago - venha pro moderador e diga tudo aquilo que está na sua frente e só ele não vê.

Eita jornalismo ligeiro da gôta serena. Lá vem....ele...já foi! Assim é ele!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

E....



Cada história, por pior ou melhor que seja, tem um fim. Há quem diga que quando não terminou bem é por que não terminou. Existem também os pessimistas que invertem esse papel e dizem que são os finais tristes que de fato são os derradeiros. Por fim, este post vem dar linhas finais a uma história que eu vou contar para meus filhos por muitos anos. É uma história de fé, surpresas, preces, lágrimas, rezas e correntes de fé sem fim.

Neste sábado, dia 25 de fevereiro, Heverlane pode colocar em seu calendário como o dia de um segundo nascimento, pois é quando que ela realmente recebe alta do Hospital e torna para uma nova vida. Ela deu entrada no dia 29 de janeiro com um quadro clínico aparetemente irreversível, beirando uma leucemia. O desespero do jovem casal estava estampado em nossos rostos. Entretanto, algo dentro de mim ainda me mantinha a calma. Parecia que estávamos sacramentados a conhecer um anjo.

Sem asas e sem aréola, um anjo que foi usado pelo próprio Criador. As palavras da doutora Marta Galvão foram mais precisas do que sua competência e autoridade ao devolver a Heverlane a plena saúde. "Deus me usou para curar ela. Eu não fiz nada. Fui apenas um instrumento. Pois a situação dela era de um paciente de altíssimo risco e hoje ela está assim", descreveu com a maestria de sempre o que aconteceu resumidamente.

Nosso Carnaval foi vendo pela Tv, o que lá fora acontecia. Pelas redes sociais, via a animação de amigos, não os invejava. Apenas curti meu Carnaval de modo diferente, dediquei meu tempo a pessoa que mais precisava de mim. Até por que se temos uma certeza no país é que a folia momesca é a única garantia em 2013. Nada mais.

A acompanhei em cada abrir de olho, em cada mexer de mão uma vitória, um singelo gesto, que para qualquer mortal não é nada. Mas para quem viu o dia a dia desse fevereiro moroso e sofrido, foi um regozijo sem tamanho. Identificar cor em sua face era outro gol de placa que pôs um sorriso generoso em nós. A fala, a memória, tudo foi um lento processo de aprendizado de valorização da vida. Entre as recaídas, encontrávamos a motivação para novas tentativas. O desânimo tomava conta, mas algo nos emperrava. Ela até não me deixava mais escrever aqui sobre ela, mas a fé e energia - num sei onde - dava seus pulos e mostrava que tudo ia dar certo.

E foi pela experiência dela que aprendi como nossa vida é frágil, irrisória, mas ao mesmo tempo tão importante para um bem maior que nem temos notícia do que seja. Assim, num estalar de dedos, não temos mais o sopro da vida. E a lição que tiramos? Bem, varia bastante. Aproveite sua disposição, sua juventude, seu ímpeto, seus desejos, seus sonhos e oportunidades. Curta mesmo. Se tiver vontade, faça. Esqueça o pudor, os impedimentos. Viva. Faça valer a pena. Pois, quando você menos esperar, já foi e você nem viu....ou melhor, verá de outro plano - lá de cima.

P.S.: Logicamente, jamais vou parar de agradecer....Deus pague a todos vocês a corrente de orações, pedidos e intenções a Heverlane. Muito obrigado, de coração.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Foi um anjo ou O Próprio?


Dizem que Deus se transforma em mendigo, doente, alejado, em pessoas comuns para testar a avareza e a bondade humana. Até no filme Alto da Compadecida, o então Jesus Cristo Todo-Poderoso, lá no finalzinho do longa, desceu dos céus e se passou por um faminto pedinte.

Bem, Ele também aparece em nossas vidas através de gente que jamais poderíamos prever. E certamente hoje, Deus veio aqui na suíte 01, segundo andar, do Hospital do Coração, em Maceió. Estávamos nós deitamos na suite, ela na cama, eu em numa poltorna bem confortável. Sabendo que não teriamos visitas, nos surpreendemos com duas batidas bem lentas na porta. Pedimos então que a pessoa entrasse, pois poderia ser um enfermeira, o povo da Copa, da Nutrição, enfim, qualquer pessoa, menos uma senhora baixinha, de aparência frágil, beirando uns 80 anos, de fala mansa, com terça na mão, ela se aproximou de nós e pelo catéter da Heverlane, viu que ela era a paciente.

A senhora com rosto sofrido acariciou o rosto de Hever e respondeu a pergunta que tinha surgido. "Eu vim rezar por você". De pronto ela se saiu com essa: "Você aceita uma Ave Maria?" Logicamente, estática e assustada, aceitamos. Acompanhei sua prece e atônito fiquei observando a feição de verdade e fé que ela reluzia. Suas palavras doces, afáveis e clericais eram só um base, a graça divina, a fé no Espírito Santo e na graça de Deus.

A paz entrou no quarto. Falando com alegria e bem calma, a velhinha disse que seu hábito é visitar as casas de saúde e hospitais da capital. Ontem ela esteve na Unimed, amanhã ela vai na Santa Juliana e assim segue sua missão, dada, segundo ela, pela 'mãezinha' - certamente Maria. "Tenho prazer em fazer isso, e peço a Deus para me dar saúde todos os dias para continuar fazendo". E assim ela saiu do quarto deixando esse recado de desapego, caridade, solidariedade e humanidade.

Passei minutos sem acreditar naquilo. Até ouvir que ela tinha batido na mesma ritmia na suíte seguinte. Foi um anjo, só pode. Os olhos marejaram, o coração apertou e alma ficou bem mais leve. Creia, existe gente assim. Se foi Deus ou não, não sei. Mas ela passou bem seu recado. Deus falou por ela.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tudo ok!


Deixei vocês na mão, né. Sem notícias da Heverlane é fogo, concordo. É uma angústia sem fim para quem está de fora e mesmo assim ainda se preocupa, após toda comoção que passamos. Do jeito que brasileiro adora uma novela então, imagino. Mas tudo bem, pessoal, Hever está super bem. Ela está recuperando sua integridade física numa crescente sem igual. E quem diz isso são os médicos que estão acompanhando. Essa tal de ptt é tinhosa. A mortalidade dela é grande e do modo que ela reagiu a doença está sendo objeto de estudo. Cada caso é um caso realmente, porém, para mim, cá pra nós, é o que importa, ela está bem e fora de perigo.

A única coisa que ainda incomoda e a prende aqui no Hospital do Coração é o tal do catéter instalado na base do pescoço, o que permite a realização da plasmaférese - tratamento de limpeza do plasma sanguíneo. Desde o meu último post, ainda no sábado, são dias de alegria e alívio. Todas as funções motoras e cerebrais estão reestabelecidas. Sua memória ainda deu um pouco trabalho, mas hoje, já não é mais problema. Toda e a pouca medicação que ela ainda toma é por via oral, não mais venal. Ou seja, ela tá livre das furadinhas de agulhas e similares.

Ela não terá sequelas dessa ptt. A recuperação dela é tranquila, porém como ainda restam sessões do tratamento, o médico prefere liberá-la apenas com qualquer perigo afastado e totalmente fora de uma reicidência. Precaução e canja de galinha não faz mal a ninguém. Heverlane deve receber alta apenas na quinta-feira, dia 16.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Redenção: ainda não é o final




Redenção. Todos a buscam e poucos conseguem alcança-la. Porém mesmo assim devemos correr em sua caça com a sede de um cão feroz quando vê um osso suculento. Pois bem, é assim que devemos brigar pela vida. E claro, pelo que achamos o que é certo e bom para nós. Com a meta traçada, fica mais fácil.

E assim se resume a luta pela vida que todos nós devemos travar um dia, caso não já a estabeleçamos. E assim encarei a briga de Heverlane contra seu próprio corpo, ou melhor, contra um minúsculo exército de anticorpos danados que literalmente acabavam com o sangue dela, manifestando todo e qualquer tipo de mal.

Hoje foi o melhor dia destes tenebrosos e conturbados dias de uma semana que parecia sem fim. Em alguns momentos Heverlane perdeu os movimentos do lado esquerdo do corpo, não reconheceu parentes, remédos não reagiam, ela não se alimentava, memória ia e voltava, tudo era contra. Uma doença rara que entre 5 milhões, nasce um, teimou desse um ser ela. A tal de PTT - corrigindo, pois ontem escrevi PPT - a bendita microtrombose está saindo a cada sessão de filtragem do sangue.

Cada procedimento desse tem nos animado a cada término. E hoje foi o melhor dele. Pela manhã, Hever estava com a mão sem pegar nada com a mão esquerda, sem falar articuladamente, e ainda com lentidão de pensamento, além de lapsos de memória. Pois bem. Escrevo este post às 00h01, pois ela terminou a terceira sessão com todos os movimentos estabelecidos e com uma fome de leão - mas não pode comer, pois tem novo exame às 6h.

Heverlane voltou ao normal. Falante e desde já preocupada com a pousada, contas e com o povo que ligou, amigos, parentes e todos aqueles que de um modo se interessaram por sua integridade física. Conversou bastante. Recebeu visita, enfim. Mas não pensem que acabou. Ela ainda tem pela frente, mais três sessões. Ainda há caminho a seguir. Tudo bem, tudo bem, o último exame de ressonância magnética não constatou alteração alguma em seu cérebro, ou seja, tudo certo. Falta ainda limpar o sangue...pouco, mas falta.

Ajuda extra

Na manhã de hoje, ela recebeu a visita de um pastor evangélico. Ele veio, fez três orações. Fez seu trabalho, deixou a palavra de Deus - ao seu modo, claro - e que bom, foi justamente no dia que ela melhor reagiu ao tratamento. Coincidência ou não, o que vale é que ela está muito bem mesmo. Sou católico. Nascido e criado dentro dos dogmas da Igreja de Roma, mas nessa vida aprendi que não há espaço para antissemitismo ou intolerância. Sou de Deus independente de que nome ele possa ser chamado, Buda, Alá, Jeová, Javé, o que for. Todas querem o bem, o equilíbrio. E assim deve ser. Discriminar? Jamais. Tenho minhas reservas, meu ponto de vista, minha postura, e sempre respeitarei o diferente.

Tudo por que hoje o diferente foi o normal. Entendeu? Em sucessivos dias, o cotidiano foi o caos, a incerteza, as trevas, a dúvida, lágrimas e dor. E neste sábado, o diferente foi o retorno ao que era comum. Simples assim.

A guerra ainda não acabou!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Recuperando




Asclépio foi um herói-médico Grego que viveu lá pelos idos do período Arcaíco. Seus santuários, assim como os dedicados a outros deuses e também a alguns heróis, se tornaram populares templos de cura, onde os devotos buscavam auxílio divino para seus problemas de saúde. Entretanto, hoje estou a mercê de uma máquina que está devolvendo a vida a Heverlane - minha noiva -, logicamene pelas mãos de um competente hematologista, o dr. Wellington Galvão, mas curando ela de todo modo.

Ainda bem que não estamos nos tempos de Asclépio, pois a tecnologia que hoje temos salva muito mais vidas do que aqueles tempos helênicos, mas dele tiro uma lição. As orações, preces, passes, ou seja lá o que for, estão ajudando e muito a recuperação de Hever. É nítido ver a crescente evolução em seu quadro. Mesmo com pequenos retrocessos, devidamente contornáveis, ela está reagindo bem. Brinca, tira onda, se emociona, faz planos. Normal, né. Todavia, o pior obstáculo que percebo é a batalha psicológica que operamos todo dia. Essa a poupamos.

Só para deixar claro aos queridos que estão acompanhando apreensivamente o caso é o seguinte. Foi diagnosticado que o corpo de Heverlane desenvolveu congenitamente um anticorpo que está promovendo microtromboses em seu sangue. Isso é responsável por diversos sintmos que ela ainda está sofrendo, porém numa intensidade bem menor. Enxaquecas e dormência nos membros do lado esquerdo do corpo.

As sessões de diálise que estão extirpando do corpo dela esses anticorpos maluquinhos estão dando nítidos resultados. Ela está lembrando mais das coisas, falando mais articulado, conversando mais, humor de volta, andando mais normalmente. Tudo está voltando a ser como era. Ela também voltou a se alimentar melhor, após uma insistência tremenda, mas está. Hoje, sexta-feira, quase sábado pelo adiantar da hora, ela concluiu sua segunda sessão.

Sua aparência é outra. Ela está mais disposta, menos debilitada e para a sessão deste sábado, Às 15h, as perspectivas são ainda mais animadoras. Bem, mas aqui pra nós, gente. Não é nada fácil lidar com esse tipo de situação. Quem já passou por algo semelhante sabe. Você inicialmente tem que ter o equilíbrio de dosar suas forças - eu to um caco, minha coluna tá dando um nó de tanto ficar em pé..rsrsrs, normal.

O psicológico conta bastante. Parece que são em momentos como esses que birras familiares se tornam ferrenhas indiferenças. Todo mundo quer ajudar nessa hora, que bom, é ótimo, mas o ciúme, outras desavenças ressuscitam ainda mais nervosas. É hora de bandeira de paz, gente. Tudo em nome da recuperação dela. E só. Guerras depois, ou nunca, melhor seria.

E, por favor, pessoal, continuem com orações e desejos de recuperação. Está ajudando e muito. É sério. Desde já agradeço.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Querer é poder




Palavras tem o poder de um tufão na vida das pessoas, sendo assim cuidado ao proferi-las. A força da fé pode ser sentenciada por meio delas. Jamais elas seriam em vão e deste modo peço que continuemos nessa corrente mais do que pra frente, mas para cima e além. Nosso destino é a redenção e a renovação em nome da restauração da vida. Seguem os sentimentos e desejos, vontades e bem-quereres para a recuperação de Heverlane.

Nunca uma semana foi tão vagarosa e em jamais instante de minha existência clamei tanto pela intervenção divina. Podem até dizer que é oportunismo mundano em buscar a Deus apenas nos momentos de aflição. Sou pecador, fraco e tão terreno como qualquer que aqui vive e aceito as consequências em nome de um bem maior. Fui quase um coroinha, um diácono, quem sabe, por sempre ser regido pelas égides da Igreja de Roma. Afastei-me, flertei até com os evangélicos, porém meu ceticismo católico foi mais forte. Entretanto, jamais o descriminei. Inclusive foi conhecendo o protestantismo que enxerguei melhor o espiritismo e até as religiões de matrizes afro. Sem preconceito.

Pois em momentos de dor clamamos súplicas nas mais diversas línguas religiosas. Queremos apenas o bem maior, a extirpação do flegelo que cai momentaneamente sobre nós ou sobre os nossos. Acompanhando o sofrimento e a batalha diária de Hever acabei travando uma contenda interna. Era meu eu fraco, triste, choroso, contra um eu impávido, frio, controlado e inatingível. Por vezes, eu desabava em prantos e lágrims sem fim. Em instantes difusos, me deparava pensando bobagens, com cara de horizonte, achando que estava mesmo vendo o horizonte. No automático.

Ver ela em cima de uma cama, envolta a fios, pálida, indefesa é duro. Comparar ela com aquela Heverlane brigona, tinhosa, sorridente e espontânea é covardia. Mas aos poucos, dia após dia, uma esperança a mais ganhava, embora um retrocesso ou outro nos atingia mais fortemente. É, é isso que acontece, apesar da evolução do quadro clínico, da estabilização do índice de plaquetas, do controle da glicemia e da eliminação completa da possibilidade de leucemia, as breves e chatas esquemias transitórias - duas - tomavam proporções gigantescas e desanimadoras.

A preocupação é tamanha que nos deixa igualmente desnorteados e ficamos descrentes. Mas só por meio das orações demoradas e às cegas, com os olhos bem fechados, é que sentimos o alívio do Espírito Santo tomando posse de nós. E é isso que todos devem fazer nesse momento. Hever vai passar por procedimentos de limpeza do sangue, já que seu corpo desenvolveu anticorpos que rejeitam o sangue novo. É esse o motivo - pelo menos até agora - das sucessivas dores de cabeça e dos formigamentos preocupantes.

Estamos no degrau derradeiro dessa fase. É certo que ela passará por um tratamento rígido, após essa fase hospitalar, de perdas e ganhos cotidianos. Mas vai passar. A medicação a deixa grogue, mas é ela sim. Afago seu rosto, seu cabelo e sinto que tudo vai passar num piscar vagaroso de olhos. Vai sim.

De mãos dadas

Todos os dias recebo ligações, mensagens, recados no Twitter e no Facebook. É delas que sinto a energia de pessoas que nem sempre podem estar conosco sempre, mas elas estão conosco. São nosso alento, nossa rede de conforto e de fé. A palavra amiga que nem sempre temos, mas são em momentos assim que ficamos igualados em um exército de fé. Irmanados num só ideal, a nossa batalha ganha vida. Esses testemunhos nos enchem de força, inflam nosso espírito de ânimo. Elas funciona como aquela muleta que não nos permite cair, quando uma perna falha.

Por isso, que desde já sei que a providência divina é positiva e em prol da saúde de Heverlane. E como disse o amigo Felipe Camelo, "agradeça desde já, pois o melhor vai acontecer aos bons". Nem pensemos em outra hipótese, pois o bem vence sim. E triunfará novamente. Ela vai sair dessa ainda mais forte e melhor do que entrou. Está decretado.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Apenas força e fé...só isso!




Nosso corpo é cheio de surpresas e armadilhas que nem sempre estamos prontos para encarar. Meu drama pessoal mostra justamente esse paradoxo humano que temos que conviver. Desde sexta-feira, Heverlane, minha noiva, está lutando por sua vida. Essa luta incessante parece ser sem sentido, em vão, já que como diz o ditado popular, "nós só vamos na hora certa". O cômico é que fazemos das tripas coração para permanecermos nesse mundo louco, cheio de intolerância, injustiça e maldade. De todo modo quero sim esse egoísmo e a quero ao meu lado até ficarmos velhinhos. Tenho esse direito e por isso estamos seguindo nessa luta diária de empolgação, esperança, decepção e agonia.

Hever já não tem mais o baço - órgão responsável pela produção sanguínea. Pelo idos de 2002, apareceu um líquido nele que ameaçava essa produção, ele foi retirado, mas esse estranho corpo nosso é tão maravilhoso, que criou por si só um baço acessário para compensar a perda do orginial. Além do baço, ela não tem também o apêndice, mas como se trata de órgão vestigial, sem problema.

Só que Heverlane vem dar outro susto ao se envolver num grave acidente automobilístico em Coruripe, em 2007. Quase perde a vida, e pelo bem, nada aconteceu. Parece até que ela gosta de dar sustos, bobagem, né. Teste para cardíaco. Mas enfim, voltando a atualidade, na última sexta, ela vinha de um quadro viral apresentando leve febre, dores no corpo e indisposição. Deixou de viajar retornando para Maragogi em virtude disso. Vi em seu corpo uma série de pequenos hematomas na pele, espalhados por todo o corpo - era o prenúncio que viria.

Passada a sexta, o sábado vem com esperança. Só que persistem os sintomas e no final da tarde, ela começa a reclamar de um cansaço excessivo. Uma agonia no peito que não tem fim seguido de uma arritimia sem justificativa. A família tem diversos casos de problemas cardíacos. O caso começa a tomar proporções assustadoras. Contra a aceleração do coração, um sustrat - remédio para cardíaco - foi aplicado, porém, toda medicação desse gênero tem efeitos colaterais, como por exemplo, a boa e velha enxaqueca.

No domingo, os sintomas se agravam, vamos ao Hospital Artur Ramos. Porém, após vomitar durante o caminho, sente-se melhor. Na Emergência, é medicada por um clínico. Um tilatil e soro, nada mais. Pecado e erro crucial. Nenhum tipo de exame para identificar se a paciente tinha dengue foi exigido e ao chegar o exame de sangue de rotina, foi apontado uma redução assustadoramente drástica do número de plaquetas sanguíneas. Status normal é de 150 mil, o de Heverlane estava em 9 mil. Fraquíssima. Quadro que poderia apresentar facilmente uma leucemia. O desespero toma conta dela e de mim, claro. Não acreditei. O pranto tomou conta dela, mas eu não podia me entregar tinha que dar força.

Três exames foram feitos naquele domingo. Repetidos pela descrença do médico, assustado com o resultado. Hever não queria ficar ali e assinamos um termo de liberação - a contragosto do médico. Em casa, não há melhora a noite foi a mais longa da minha vida. Sem sono. Só lágrimas e insônia, imaginando um diagnóstico quase mortal. E pela manhã decidimos ir ao Hemocentro de Alagoas - o Hemoal. Porém a fila que lá estava mataria e á pálida e fraca Heverlane. Voltamos ao Artur Ramos, após Heverlane reclamar de tontura e ter vomitado duas vezes. A ficha só cairia ali do quadro grave que se apresentava.

A internamos no hospital, muito debilitada, começamos uma peregrinação em busca de um hematologista já que a instituição médica não dispunha de tal. O quadro que ninguém explicava nos obrigou a cogitar uma transferência de helicóptero para Recife, já que de ambulância ela não suportaria. Só no começo da tarde, após uma bateria de exames, a hematologista Marta Galvão decide nos atender e acompanhar o caso. Ela descarta o quadro leucêmico para a tranquilidade geral.

Porém, quando se aguardava uma melhora gradativa, já que suas plaquetas tinham aumentado para 40 mil, ela teve uma piora na tarde de terça-feira. O coração apertou. Ao chegar no hospital e ver o povo chorando, meu chão sumiu. Uma esquemia transitória teria nos assustado e até agora a apreensão permanece. O fluxo de sangue foi retomado normalmente. Ela está bem, recuperando-se. Ainda fraca, mas lentamente.

Fico ao lado dela na cama apenas alisando seu rosto, seu cabelo, com a pergunta engasgada "quando isso tudo vai terminar?". O incômodo é presente. Tudo bem que todo mundo se preocupa, presta solidariedade, porém a vontade mesmo é de ficar sozinho com ela. E esquecer os momentos de angústia e lágrimas que tenho passado. Agradeço a todos que têm se mostrado interessados pela situação dela e peço que continuem com orações e corrente positiva.

Espero por mais uma surpresa que esse nosso corpo possa nos apresentar, porém, agora pro lado bom.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Depois do BBB....


Não seria eu se não comentasse a minissérie Brado Retumbante. Pô, galera, deixa Bigo Brother Brasil de lado, assiste quem quer e pronto. O legal é que depois você conhece depois como nossa política funciona. Mesmo que de forma metafórica, você é provocado a conhecer mais a história desse país.

O ator Domingos Montagner, que dá vida ao presidente Paulo Ventura, ex-deputado que é obrigado a assumir a Presidência, por uma fatalidade do destino, lembra o caso de Ranieiri Mazzilli. Presidente da Câmara em 1961 e 1964, o advogado paulista foi obrigado a assumir o comando do país em dois momentos. O primeiro na ausência do presidente Jânio Quadros e de seu vice, João Goulart - entre 25 de agosto e 8 de setembro de 1961; e 2 de abril de 1964 até abril de 1964.

Outro detalhe curioso é a veia 'cafa' do presidente Paulo Ventura. Aí ele pode estar incorporando o boêmio Juscelino Kubitschek ou o boa pinta Jango. Pegadores de marca maior, atletas de alcova natos. Bem, não lembro de algum presidente da República que tenha sofrido atentando à bala, por favor, professores de plantão me ajudem e me corrrijam, por favor.

Ele também se vestiu de Fernando Henrique Cardoso ao criar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Deu uma de Lula, a quase ingnorar o lobby dos livros escolares e esquerdistas ganhando rios de dinheiro com a confecção de didáticos. E ainda voltou no passado. Paulo Ventura esteve na pele de Rodrigues Alves, quando exército estrangeiro invadiu o território que hoje é o Acre. O Brasil ainda se deparou com mesma problemática diplomática durante a Guerra do Paraguai. Aí foi um imperador, não um presidente.

As demais nuances só poderiam ser descobertas com a quebra do sigilo dos presidentes. Por outro lado, alguns personagens da trama podem ser encaixados na vida política nacional real e de hoje. Aquele senador bem ao estilo "Al Capone", bem "Don Corleone" e com 50 anos de carreira política.....só se "Honoráveis Bandidos" pudessem confirmar as suspeitas. E Maria Fernanda Cândido não perde nem um pouco para a mais gata primeira dama do Brasil, Tereza Goulart (mulher de Jango).

Não se enganem. O jogo político na real é bem mais sujo. Tem gente sim que vive de fofoca, picuinha e malversação do erário público. Existem aqueles contratados apenas para confeccionar dossiês. Há aqueles que corrompem, batem nas costas, porém te rasgam até a alma. Contem também com a turma do contra mesmo, os xiitas que o chamam de 'nobre colega' e o abominam. É a política cada vez mais presente e mais imitona da vida real.Se liguem, eles existem e querem o seu mal. Matam, roubam, mentem, riem, denigrem e aí estão.

A sociedade nada faz, pois prefere ficar em casa enchendo o bucho e fazendo corrente na net ao invés de protestar. Bem, redes sociais é bem mais que isso. Aff, Cristo.

Sim, claro....Parabéns ao Ricardo Waddington pela direção e pela iniciativa da Globo. Parabéns mesmo, show.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Arrume



Um dos mandamentos do blogueiro é escrever o que você sente. Desabafar e por pra fora o que te incomoda, aquilo que tá te aperreando mesmo. E graças a Deus, nada está tirando meu sossego este ano. Tirando questões pessoais e profissionais devidamente contornáveis e que não o caso comentar, no mais tá tudo 'oraite'. Porém, para não perder o pique e a inspiração escrevo - como sempre - para servir de testemunho a terceiros.

Em recente entrevista que fiz com a numeróloga Yolando Holanda fui apresentado ao mundo da Numerologia. Brinquei com o assunto até alterando minha assinatura profissional, mas o lance é sério. Porém, peguei a sacada destes diversos segmentos que buscam o equilíbrio, a paz, a harmonia do ser humano para alcançar a felicidade.

Seja a numerologia, a religião católica, espiritismo, umbanda, tarô, cartas, seja lá que doutrina for. Elas buscam apenas o equilíbrio, a organização da sua vida. De um modo ou de outro, utilizando caminhos difusos e complexos elas acabam dando num só lugar: a paz. Logicamente, não vou aqui cair no mérito de discutir bons e maus adeptos. Isso em todo lugar tem independente de credo, raça, gênero ou seja lá o que for.

No outro post sobre o misticismo não me aprofundei sobre os dogmas e confesso que sou cético sobre os dizeres da numerologia, mesmo assim curto conhecer e poder falar sobre tal. Porém, ficam os conselhos que muitos podem aproveitar. Começe arrumando suas gavetas. Ajeite sua vida, preze pela paz, não pelo embate direto. Fique de bem consigo.

Sem querer, querendo este início de ano tem sido assim pra mim: estabelecer novo laços,refazer antigos e criar ainda mais vínculos. Até antigas inimizades estão sendo repensadas, aguardando apenas a hora de buscar a conciliação.

Viver em paz é melhor....arrume sua vida.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Idas e vindas



Na madruga de terça pra quarta fui ao Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. Pôxa, é um dos locais que não é tão legal de se frequentar, né. Nisso eu insiro terminais de ônibus, estação de trem, enfim. Tudo é chegada e partida. De certo que a chegada é uma alegria, só, o retorno e tal, tudo remete boas lembranças. Porém, a partida, putzzzz, sem guardar trocadilhos é um parto mesmo.

Na espera de minha prima carioca, fiquei na praça de alimentação relembrando as minhas partidas para a terra candanga. Chororô é pouco. Solidão é foda, lasca com a gente. E saber que dentro de algumas horas você vai ter a companhia apenas do vazio, pronto. É um aperto só.

Testemunhei despedidas horríveis de amigos, parentes, familiares que por motivos óbvios saiam em prantos do saguão do aeroporto. Sem querer, vi uma grande amiga minha se despedindo de seu marido. Como dói. Ver a tristeza alheia, identificar aquela lágrima caindo sem pena dos olhos avermelhados, marejados de dor é um suplício só.

Vi-me ali também. Despedindo-me dos meus...é de partir coração mesmo. Mas não vou mentir que deu vontade de viajar de novo...rsrsrs

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Conviver




Desde que o mundo é mundo, o homem vai se reunir em grupos, círculos, panelinhas. Não há como ser diferente. Você entra em uma sala de aula hoje e amanhã já encontra alguém para trocar figurinhas. E por aí, vamos indo e formamos nosso grupo. Agora, imagem em uma cidade, vá além, num município pequeno do interior.

Sou um adulto prestes a completar 32 anos e sei bem como isso funciona. Entre tantos e tantos grupos permeie pelos mais heterogêneos. Nunca guardei muito lugar. Jamais fui de esquentar banco. Me encontrava entre os playboys, os 'sem frescura', os boleiros, religiosos, estudiosos, CDFs, pegadores, responsáveis, ahhhh, foram tantos que não era possível traçar um perfil definitivo de maus grupos. O porém é que recentemente rotularam em minha pequena cidade - Satuba, região metropolitana da capital Maceió - um grupo de jovens.

Eles vestem a camisa - ou colocaram neles - a alcunha de "Ricaria". Uma paródia a playboys, mas ao contrário do significado genérico, eles são garotos e garotas. Gente de bem, que aparentemente curtem o bom da vida. Farras, bebida, diversão, curtição, tudo que todos os garotos e garotas adoram, porém em se tratando de uma cidade do interior, ganha proporções diferenciadas.

Em lugares onde a desigualdade social é gritante, e o exibicionismo, as aparências prevalecem, essas distorções ganham ênfase. Esta semana, soube que uma garota tinha se referido a mim como membro dessa pseudo fraternidade. Bem, cômico achei, sem ofensa, claro. Mas é por que jamais me fixei em grupos, turmas, sempre fui de todas e ao mesmo nunca as tive permanentemente. Sempre entrei e sai com simpatia e carinho. Como as tenho até hoje dentro de mim.

Sempre andei desde os mais pobres até os mais garbosos e foi com estes contrastes que aprendi a ser gente. Por favor, povo, sem críticas ou revanchismo, as palavras que aqui escrevo são de paz e de algazarra mesmo. Só para descontrair. Sendo ou não "Ricaria", o que importa é aprender, curtir, conviver e seguir, pois se ficar o resto da vida com um povo só, me poupe, nada irá assimilar de diferente. Fica a dica.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Poder



De fato estou demorando mais postar aqui em meu pequeno espaço de desabafo. É que tenho tentado colher histórias e experiências realmente legais para compartilhar com vocês. E esta semana aconteceu algo além das minhas quatro páginas diárias do jornal Tribuna Independente (www.tribunahoje.com). Quis mostrar por meio de uma matéria como e porquê políticos buscam no misticismo uma fonte de conselhos, orientações e ademais.

Pode parecer loucura, maluquice, doidice mesmo brincar com a política deste modo. Não é a primeira vez que abordo a política de um modo diferente nas páginas dos jornais. Busco o além dos escândalos, dos números, das pretensões, dos planos eleitorais. Quero mostrar ao meu leitor que política pode ser menos chato, mais empolgante e lógico, mais interessante para se ler.

Fujo das pautas corriqueiras, quero uma nova política nos jornais. Por isso também sou adepto de trocar o nome de editoria de 'Política' por 'Poder', como funciona em outros periódicos do país. Abrangendo todos os assuntos que a atual seção de 'Política' cobre, mas com outra nomenclatura. Pois bem, vamos aos fatos.

Para construir a tal matéria sobre o ocultismo na política, fui então em busca de algum representante do candomblé - tão marginalizado e ao mesmo tempo é para onde mais os políticos têm recorrido ao longos dos anos. Leia-se Lula, Eduardo Paes, Cesar Maia, Collor, ACM, Sarney, entre outros. Minha primeira tentativa não foi legal. Um tal de Pai Rafael não atendeu bem minha ligação, certamente ele deve ter entendido outra coisa, e não apenas que gostaria de um pitaco para a construção da matéria.

Continuei correndo e acabei tendo a sorte de achar Pai Tony. Um competente, profissional, cortês e carismático Pai de Santo. Culto e de fala mansa, ele me recebeu em sua residência e conversou tudo sobre o assunto. Uma assumidade inconteste. Pai Tony me revelou os segredos do candomblé em Alagoas, curiosidades, abriu seu coração - o agradeço até hoje pela confiança -, enfim. Saí de lá fascinado por esse mundo que até então temia e olhava desconfiado.

Entretanto, o que viria depois era que me assustaria. Visitei a numeróloga Yolanda Holanda (http://www.yhonumerologa.com/). Outra excelência de pessoa que tive a sorte de conversar por um bom tempo. Para explicar a numerologia ela me usou como exemplo. E funcionou bem até demais. Ela fez um estudo numerológico de mim. Pegou meu nome, minha data de nascimento e mostrou o que sou, o que fui, e o que posso ser. E isso me custou arrepios, suspiros, respiração forte, e lágrimas. Não pude me conter e emocionei-me sobre o que ouvi e o que ela me provou sobre mim.

Cético como vocês, caros leitores, resolvi mergulhar nesse mundo místico para tentar conhecer e poder falar como tudo isso funciona. E me surpreendi. Escrevi uma matéria, pelo menos seu início, com gosto, o final foi mais nas coxas, em virtude de meu deadline no jornal. Quem puder ler, compre a edição deste domingo, 8, do Tribuna Independente. Espero que gostem.

Ahhh, o que levei disso tudo? Como tudo no mundo há o caminho do bem e do mal. As religiões e demais vertentes clericais, ceitas, seja o que for, elas querem - ou deveriam - o equílibrio, a paz, sabedoria, a ascenção. Foi isso que vi, que senti. Sou testemunha. Aconselho a fazerem o mesmo. Antes de comentar, conheçam, tirem suas conclusões e falem. Absorva o melhor.