quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Você pra lá, eu pra cá


O milagre da vida se manifesta das maneiras mais inusitadas, inesperadas e surpreendentes. Tanto para o bem, tanto para o mal. É a dicotomia da existência. Dia após dias perdemos pessoas, amigos, conhecidos que nos afeiçoamos, criamos laços, carinho, amor, até ranso, ódio, o que for. São sentimentos. E por um modo ou de outro essas sensações fazem falta.

Estranho você sentir falta da coisa ruim que sente por outro? Isso se chama perdão. O ranso desceu, esvaiu-se, foi! E calma, lá. Não é por que estamos próximos ao Natal que amolessemos o coração. Sou contra esse tipo de coisa. O entendimento, a compreensão deve permanecer em nós o ano inteiro. Porém, o que vim comentar hoje é a reciclagem de nossos amigos. Por diversos motivos eles nos deixam, tomam caminhos diferentes, ganham outros companheiros, sentem por eles igual ou maior apreço por ti e assim segue a vida.

Entretanto, ao mesmo tempo que você perde uma pessoa querida de sua convivência. Outra chega em seu lugar. Pelo menos é o que esperamos. Dói. A gente sente. É impossível sermos indiferentes a isso, podemos até tentar ignorar. Tentar esquecer, mas, em vão....um dia você vai lembrar de algum dia distante e vai dizer:"pôxa, fulano estava na hora e tal...". Por favor, não pensem que tal comentário se refira a ex-namorada, casos, rolos e afins...não, refiro-me a amigos, companheiros e companheiras que um dia compartilharam conosco sorrisos e lágrimas.

São aquelas pessoas que estão em nossas fotos amareladas. São elas que estão em nosso Twitter, no Facebook, até no morto Orkut....são elas que compõem nossa existência e contam nossa história.

Vida que segue....

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Que vida...


Antes de mais nada perdão pela ausência. Meu sumiço tem motivo, só não tem nome. Aliás, diversos nomes. Inspiração, tempo, circunstâncias, temas, enfim, falta deles. E podem ter certeza uma imensidão de coisas aconteceram e aos poucos vou contando para vocês. Primeiro vou contar minha experiência com o mundo cão, da violência, do matar e morrer.

No domingo, fiquei de plantão no jornal, em especial para o site Tribunahoje.com. Geralmente as tardes de domingo de futebol são tranquilas e calmas. Ledo engano. Primeiro homicídio do dia e meu também. Jamais tinha feito cobertura de um assassinato. Nem nos anos que passei na Tv Pajuçara - quatro anos, onde lá no programa Fique Alerta - programa policialesco que cobre este tipo de matéria. Uma febre no país.

Pois bem. Sempre quando vou a alguma pauta já fico tentando advinhar a história. Por meio da experiência, tentar antecipar o que os entrevistados vão falar. Prever algo. Porém, neste momento eu não pensava em nada. Não sabia o que iria encontrar. E quando isso acontece o juízo manda o recado: calma.

Ao chegar no local do crime, cumprimentei os policiais e fui dialogando numa boa e pisando em ovos. Conversando, trocando informação. Sorte que peguei um pm educado e bem cortês. Ao contrário da pauta seguinte....chego já nela. Era o seguinte. Jovem de 24 anos, casado com uma moça de 16. Traficava. Foi executado com três tiros de pistola na cabeça. Bem, a jovem conseguiu fugir ilesa. Entretanto, o suposto traficante não teve a mesma sorte.

O pm perguntou se gostaria de tirar foto do defunto. E fui. Entrei na residência do morto. Pôxa, tirei as fotos. Logo após me peguei pensando que estava ali, entrando na história de alguém em sua morte. Diante de uma pessoa que jamais tinha visto, mas estou registrando seus derradeiros instantes, escrevendo sobre seu legado. Dentro de sua casa, respirei seu mundo. Senti-me estranho. Vi no rosto das pessoas fora da casa um olhar de alegria branca pela morte do traficante. Uma satisfação. Uma vingança às avessas.

Após este caso outra surpresa. Mais um crime. Outro homicídio. Desta vez um mistério prévio. Uma pequena empresária aparece morta em sua garagem. Seu corpo estava de bruços, mãos para trás, pouco sangue. Quem me recebeu no local do crime, um pm mal preparado, insatisfeito com o trabalho, mal humorado, irônico e mala. Identificou? Tem muitos, né. Infelizmente. Então, de início o Sherlock disse que poderia ser suicídio. O espertão tirou a conclusão antes da Criminalística chegar.

Todo mundo que cobre Polícia pede para jamais cobrir algo que envolva família. Não foi o meu caso, mas passou perto. Susto! No local, uma tia minha lá. A vítima era neta do meu tio - casado com minha tia. Tio Mário foi meu informante e eu seu confidente. Seu pesar e seu lamento ouvi de pronto, porém não poderia esbravejar no texto todo seu sofrimento. Triste demais. O IC fez um levantamento inicial e ela teria sido esganada por meio de uma 'gravata' e seu rosto foi jogado contra o chão diversas vezes.

Mais uma vez, me afundei na reflexão. Rezei pelas duas almas que foram pro andar de cima. Ainda bem que cubro Política, pois Polícia é fogo. Você se brutaliza, a violência te brutaliza. Uma dureza!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Você nunca mais vai ler jornal como antes...."


Como em todo segmento mercantilista, o diferencial rende grana. A comunicação funciona do mesmo jeitinho. E diariamente, o setor comercial de sites, jornais, emissoras de Tv e de rádio quebram a cabeça pensando em como faturar mais, porém o foco jornalístico não é esse. A jogada é deixar o jornalismo mais atraente, mais sedutor. Nem toco agora na questão do texto literário, no 'shownalismo', não, destaco o trabalho de nossos colegas gráficos, diagramadores que dão uma sobrevida ao bom e velho folhear de páginas.

Alagoas está vivendo um novo boom na diagramação de seus três jornais diários. Isso acontece de dez em dez anos, dando um alívio no coração de alguns especialistas em estética de páginas, em outros cause um infarte, gargalhadas ou ideias bem boladas, mal usadas.

O Jornal saiu na frente e mudou seu lay out. Material limpo, valorizando o branco, pouco tempo, mais imagens, bem legal, mas como jornalista - leigo em diagramação - a ideia foi ótima, mas ainda vão demorar um pouco a utilizar melhor os espaços e fontes. A Gazeta de Alagoas promete inovar e em novo formato, diminuir espaços. A Tribuna Independente também está preparando novo material gráfico para não parar no tempo.

Todo fim de semana, para não dizer todo dia, eu vou bisbilhotar a diagramação dos jornais pelo país a fora. Lógico, suas versões em flip ou pdf. Virei fã incondicional do jornal O Povo, do Ceará. Eles brincam com as páginas. Leitura limpa, imagens, fotos nítidas, bem embasadas, ícones, traços, réguas bem trassejadas, cores vivas demarcandos editorias e assuntos. Eles acrescentam sempre gráficos, infográficos, elementos, enfim. Adoro a leitura e o visual. Recomendo obviamente.

Aliado a uma lata legal, os grupos de comunicação aliam a isso produtos que vão agregar ao seu comercial, geralmente são sites jornalísticos, rádios, empresas de assessorias, o que for. Tudo que encher ainda mais o cofre do patrão e dê mais trabalho pro peões. A tendência é criar o formato híbrido de jornal no site. Você pagar para ter acesso a uma informação de qualidade e exclusiva.

Veja trecho extraído do Observatório da Imprensa: o balão de ensaio do chamado paywall “híbrido” veio no primeiro semestre, quando o New York Times fechou o site e, surpresa geral, obteve resultados positivos nos primeiros meses da experiência. Para conquistar 40 mil novos assinantes digitais, o NYT adotou a seguinte estratégia: manteve o acesso aos 800 mil assinantes da versão impressa e ofereceu como diferencial 20 textos exclusivos mensais. Hoje são 324 mil leitores da versão online, número que contribuiu para que o faturamento do terceiro trimestre do NYT alcançasse US$ 15,7 milhões, contra prejuízo de US$ 4,3 milhões no mesmo período de 2010.

No Brasil, a experiência cheira a demissão veja outro trecho: nos primeiros dez meses do ano, houve registro de várias demissões em boa parte dos grandes veículos da mídia impressa, em especial no Grupo Estado, responsável pelos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde. A principal exceção foi o Valor Econômico, que reforçou a sua equipe online quando do lançamento de seu novo portal. Além do conteúdo disponibilizado na versão impressa, a plataforma digital conta com recursos multimídia, gráficos, tabelas e material exclusivo. Para a jornalista Adriane Castilho, trata-se de um “modelo sensato”. “O leitor está sujeito a uma chuva de informação e acredito que tende a valorizar o conteúdo diferenciado, especialmente se vem acompanhado de reflexão e opinião. Penso ainda que parte dos leitores deseja uma espécie de 'curadoria' que ajude a percorrer esse universo de informação selecionando o que parece ser mais relevante.”

Preparem-se....já vivemos tudo isso e nem percebemos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pressão pouca é bobagem


Jornalista é um bicho tinhoso de domar. E quando ele tem que seguir regras então...lascou. Horários, não falar de sicrano, beltrano, editor na cola, pressão, prazos, pautas, enfim. O mais riponga dos jornalistas defende a liberdade total aos canetinhas e suas canetadas, porém se quer liberdade, compre um jornal, monte um site ou consiga uma rádio - Tv é mais difícil, convenhamos.

Mesmo tendo seu próprio negócio de comunicação, ele terá que baixar a bolinha com seus anunciantes. É não tem jeito, escolheu ser jornalista, opitou por viver sob pressão todo dia o dia todo. Até perto de dormir você fica imaginando se algum ministro vai cair, se vão matar algum prefeito, ou se algum secretário de Estado vai ser pego cobrando propina.

Tudo bem que a galera de assessoria de imprensa não tem essa cobrança, mas como se sabe assessor é assessor 24 horas por dia. Entretanto, o povo de redação recebe cobrança em demasia. O repórter é o carregador de piano que recebe a carga do editor de sua respectiva Editoria, e ele por sua vez, recebe pressão do editor-geral.

Sem contar a exigência pessoal em fazer um material interessante para a edição do dia. Claro, aquele repórter que preza por seu nome e sua reputação. A vida de jornalista é essa, gente. Quem tá na chuva é pra se molhar...quem mandou não estudar?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O preço da informação

O papo que tomou as redações dos jornais de todo o país hoje certamente foi a morte do repórter cinematográfico Gelson Domingos da Silva, da Rede Bandeirante de Televisão. Como foi uma morte em serviço, em busca da informação, todos os seus colegas, dos mais distantes centros sofreram com sua morte.

Porém, o que se ouviu foi sobre o episódio algo que chamou a atenção para uma verdadeira "profissão perigo". Muitas equipes de reportagem sobem e descem grotas, morros, favelas ao lado de equipes de PM, entretanto sem uma orientação prévia, nem dos policiais, muito menos de suas direções nos veículos de imprensa.

Diariamente, percebo muitos focas enveredando pelos sites jornalísticos e sem a devida orientação de jornalistas experientes vão literalmente com o peito e com a coração parar entre o zunir das balas. Digo, por que, não conheço equipes do jornalismo alagoano que tenham a disposição coletes à prova de bala para cobrir as incursões policiais.

Pelas bandas do Rio de Janeiro estão se falando em criar regras claras para a cobertura jornalística do Bope - que atua em situações de crise. O site Comunique-se entrevistou um especialista em segurança. Jorge Lordello disse que a partir deste fato triste, medidas de segurança serão adotadas.

Para ele, houve falta de cautela das duas partes e falha no relacionamento entre a polícia e os jornalistas, sem o alerta para o risco da cobertura.

“Em operações como essas, o jornalista entra depois que o local já foi invadido, não no momento da invasão, atrás da polícia, na troca de tiros. É um risco incontrolável", completou Lordello.

Conhecido repórter de Alagoas, Dennes Queiroz, hoje na Record do Rio, esteve na operação, em nenhum momento, segundo ele, a polícia alertou os jornalistas a permanecerem afastados ou aguardarem até o final do momento mais forte do conflito. Apesar disso, Queiroz disse que, após o cinegrafista ter sido baleado, a polícia fez todo o possível para socorrer o profissional.

Segundo o G1, antes de ser atingido, o cinegrafista informou aos policiais que o grupo havia sido visto pelos traficantes. Infelizmente, o exemplo de Gelson Domingos vai ser de lição para Polícia e para os veículos de imprensa que devem instruir suas equipes a não apenas ir em busca da informação, mas alertar para o cuidado que essas matérias proporcionam, além das devidas condições de segurança e de trabalho.

Pena foi o que ouvi de um colega de profissão: "Ele está ali pra o que der e vier. Levou tromba, vacilou". Lamentável....só tenho que lamentar 'profissionais' que se referem a colegas de profissão deste modo.

domingo, 6 de novembro de 2011

Sonho louco


Eu tava louco para contar a história que vou escrever hoje. Acordei neste domingo transtornado e ansioso para escrever. Na verdade, o episódio ocorreu durante esta madrugada de sábado para domingo e o palco foi minha cabeçinha fértil e complicada. Foi um sonho. Não, não, não, sonho mesmo, sabe quando a gente dorme, estágio ram do sono, sonha, pois então, foi isso.

Foi daqueles sonhos fantásticos, inusitados, surpreendentes, loucos, e o pior (?), altamente nítido. Vamos lá então. Estava eu se não me engano no século XVII, digo por causa das vestimentas, que meus colegas de sonho estavam usando. Era um palacete que estava fixado na minha cidadezinha - Satuba, região Metropolitana de Maceió (Cômico, né). Eu tinha a sensação que era lá, e o mais doido era que estava aguardando o embaixador francês, vê se pode um negócio desse, hilário é que pela demora eu fui embora. O fascinante era o cenário ilustrado, internamente o palacete era todo trabalhado em vermelho, com detalhes em dourado nas bordas, e vitrais transparentes. Os lustres enormes e pomposos marcavam a ornamentação real.

Bem, mas o legal dos sonhos são as viradas de temas, lugares, roupas, enfim. Como por um passe mágico, já estava na Praça dos Martírios, na capital,mas o ar era bucólico e ainda, daquelas festas de padroeira de interior, com direito a parque de diversão, barracas e amigos em volta, mas bem ao estilo dos anos 1970. Enquanto andava, vestido de um casaco de couro bege e um camisa branca por dentro cumprimentei Árabes [José Árabes, jornalista e editor de Política de O Jornal] e algumas pessoas que estavam ao seu lado. Em meio a fogos, luzes, barulho de crianças, brincandeiras e jogos, ouço e percebo uma movimentação por trás de mim. Pessoas correndo em desespero até que um policial dá voz de prisão a mim. Não compreendo e viro com ar de surpresa, seus colegas policias se aproximam mais, cerca de cinco metros a minha frente, e abrem fogo. Eu deito no chão, mas sinto que os tiros não eram endereçados a mim. Era bala zunindo por todo canto, peguei minha carteira e tentava gritar para apresentá-la e ao mesmo tempo rezava, e muito, rezava com fé, com os olhos fechados rezava. Imagem o desespero!!!

Ao final do tiroteio, via muito sangue no chão, ao me levantar da calçada, toquei meu corpo todo em busca de ferimentos, mutilações e afins. Nada! Ufa. Quanta angústia, putzzz. Agora vem o engraçado, um cara, de bigodão ala mexicano e óculos aviador, me pegou pelo casaco e me levou a um lugar que parecia a estação ferroviária de Maceió. Mas lá - pelo que entendi - era um tipo de central de polícia, entretanto com um ambiente de museu como a estação é hoje, bem iluminado, ladrilhos brancos, destacados e belíssimos. Não para ser apresentado como vilão, foi a minha surpresa, era para ser exposto como herói. Gente, até agora lembro dos flashes. Era algo muito real, presente. Esse delegado me abraçava tanto, tirava diversas fotos, sorrisos largos, tapinhas nas costas, mas não compreendia, porém gostava.

Louco, muito louco. Mas como frisei bem lá em cima...foi um sonho, doido, mas um sonho.

sábado, 5 de novembro de 2011

Olho aberto


Jogo de cintura. Fundamental para se sobressair em qualquer emprego. Dia após dia situações testam nossa experiência, nosso talento e caráter. É quando algo grita dentro de nós ou fica simplesmente sussurando em nosso ouvido. O que ele diz? Depende dos elementos que citei acima.

Em se tratando de jornalismo, nós devemos aprender a dar ouvido aos avisos que nossa consciência manda. Pode até nem ser a tal consciência, mas dê a atenção devida. Ontem, sexta-feira, dia onde a maioria dos jornais confeccionam duas edições - a de sábado e de domingo - o tempo pode não permitir que apuremos informações, a pressa pode nos induzir ao erro, entretanto, não devemos baixar a guarda. Um material chegou em minhas mãos e desconfiei de sua autenticidade, era uma informação muito bem recomendada que não poderia tangiversar ou ignorar, tinha que ser publicado de todo modo. Foi então que lembrei-me de meus tempos de assessoria de imprensa. Baixou em mim uma entidade de assessor e questionei tal informação. Começei então o processo de apuração. Última matéria, para ser liberado, imagine a tensão!!!

Entre uma ligação e outra, informava meu editor-geral sobre a situação da matéria. Ele queria derrubar, mas tive que argumentar, explicar e fazer entender o lado do interessado na matéria - que era bem além dos leitores do jornal. Após partes devidamente esclarecidas e informadas, acordadas e satisfeitas, a matéria foi publicada.

Desconfiei da informação. Até relutei, mas foi mais forte que eu, e se o material saisse do modo que foi recebido, prejudicaria tanto o interessado, como o jornal. Portanto, dê ouvido sempre aquela vozinha que diz o que fazer e o que não fazer. Ponha na balança, avalie, mas nem por isso deixe de ser ousado ou de se arriscar. Só a experiência vai te dar esse limite tão almejado.