quarta-feira, 8 de junho de 2011

História viva


Resultado de um dia de muitas entrevistas: dedos coçando pra escrever e mente cheia de ideias. Meu dia começou no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas entrevistando o historiador e escritor Luiz Nogueira e conheci finalmente o professor Jaime de Altavila.

Na conversa com o professor Luiz Nogueira, ele falou sobre a forte influência da família Góes Monteiro, em Alagoas, após a ascenção de Vargas, em 1930. A família formada predominantemete de militares fez até um governador: Silvestre Péricles. Nogueira citou até uma estranha aliança entre as velhas oligarquias - já eram velhas naquele tempo - com o partido comunista e os Udenistas. Não existia na verdade uma segunda alternativa política.

O historiador lembrou que Maceió era um promissor estaleiro de navios, tanto que navios feitos aqui foram encontrados na Guerra do Paraguai. Enfim, o dia de reaprender a história foi completado ouvindo o engenheiro Vinícius Maia Nobre. Uma figura viva da história alagoana. Aos 83 anos fala com vitalidade e facilidade de tudo que fez pelo Estado. Quer dizer...do que vemos de infraestrutura hoje, foi ele que fez. Maia Nobre atua ativamente desde os idos dos anos de 1950.

Pontes, emissário submarino, ruas, estradas, viadutos, trajetos, percursos, tudo, ou quase tudo tem o dedo, ou seus cálculos. Por exemplo, ele me contou a idealização da famosa sereia da Praia da Sereia. Maia Nobre, ainda jovem, quase recém formado, era diretor do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e ao lado do então governador Major Luiz Cavalcante, visitaram o litoral Norte. Estrada de barro, esburacada, e numa poeira só, o governador costumava admirar a enseada que hoje é a referida praia e ainda se banhar.

Naqueles tempos não era necessário seguranças ou motorista. Era comum o governador ir a praia, pular cercas, deixar suas calças bem próximas e se refrescar. Amigo de Cavalcante, o engenheiro até brincou um dia com ele e sumiu com as calçaas do major governador. Ele ficou fulo da vida.

Pois bem, num dia qualquer Luiz Cavalcante, pôs as mãos na cintura e disse que queria construir ali um mirante. O jovem engenheiro disse que o DER não disponibilizava de recursos para fazer a obra. Maia Nobre completou dizendo que seria melhor uma estrada que facilitasse o acesso ao Norte alagoano. O governador não gostou. Passados alguns dias, o governador estava no mesmo lugar acompanhado de um paisagista pernambucano e disse emburrado:"Esse cidadão vai fazer meu mirante".

De imediato, o engenheiro respondeu dizendo que seria melhor construir uma sereia em cima dos corais. Ideia esdrúxula, ele poderia ter dito na época....que nada. O governador olhou, olhou, olhou e virou-se para Maia Nobre. "O sr. teve essa ideia agora?", disse Cavalcante. "Sim", respondeu o jovem e intrépido engenheiro.

Vinicius Maia Nobre contou ao governador que numa pedra no porto de Copenhague, na Dinamarca, foi esculpida em bronze, uma sereia em homenagem ao autor de contos infantis Hans Christian Andersen. Fascinado pela história, Maia Nobre recebeu a ordem direta para criar tal monumento em cima dos corais da praia. Pronto...hoje você pode ver a obra dele!!!

Os demais entrevistados se limitaram ao hoje...quem sabe depois eu conto...

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