sábado, 17 de outubro de 2009

Lunário Perpétuo


Diante de uma lua enorme, branca e hipnotizante, escrevo esses versos. E nessa inspiração acabei lembrando de um espetáculo igualmente fascinante. Lunário Perpétuo, do andante artista pernambucano Antônio de Nóbega. O brincante, como ele gosta de se entitular, faz jus a alcunha.

Ele não pára quieto no palco. Lunário Perpétuo corre o país desde 2002 e encanta a qualquer um que o vê. Lunário Perpétuo na verdade é um almanaque que esteve muito em moda no Brasil do século XVIII. O livro ibérico, um pouco mais grosso que o costume, fala das fases da lua, o tempo certo para plantar, cultivar, receitas culinárias, cura contra envenenamentos, enfim. Mas na verdade, o show retrata os costumes e o cacioneiro nordestino.
O espetáculo comandado por Nóbrega apresenta os costumes de um povo, as manias, os dizeres que todos nós conhecemos, muito característicos do povo do Sertão. As histórias, causos e passagens de figuras que só lá existem.

Mas o que destaco é o jeito, o modo que o artista personifica cada história. Ele pula, canta, dança, e através de todo seu talento, Nóbrega demonstra a vitalidade de uma criança. E é nessa vontade e vitalidade de viver que devemos nos espelhar.

São em momentos como esses, de reflexão e pensamentos que nos comparamos com os outros e por vezes nos depreciamos. Não é legal. Por mais que estejamos deprimidos, devemos mesmo é olhar pra gente como o Antônio Nóbrega e dizer: pô, olha pro cara.... Quem o vê em palco, vê que ele é expressão do sertanejo, ou melhor, do nordestino.

Rosto sofrido, corpo franzino, mas alegre, pra cima, talentoso, forte de espírito e brincante. Sempre com um sorriso no rosto. Até parece que ele não tem problemas, mas claro que tem, ele sabe encará-los. É diferente.

E aqui, diante do céu negro de Maragogi, iluminado apenas pela enorme claridão da lua. O vento frio batendo no rosto, aquela sensação de paz, o quebrar da ondas, tudo isso nos dá um sossego, né. É assim mesmo. Nada como um dia após o outro. Nossa lição: viver como o artista Nóbrega. Correr, brincar, sorrir, dançar, se movimentar e viver.

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