terça-feira, 19 de abril de 2011

Polêmicas à parte

Permitam-me tecer alguns comentários sobre as ameaças de invasão as escolas de Satuba. Sou nascido e criado na cidade. Conheço cada canto e pessoa da pequenina e pelo visto ex-pacata cidade dormitório. Só para por a galera a par da situação.

Na semana seguinte ao massacre na escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Uma suposta carta aparece em Satuba trazendo uma ameaça assustadora e covarde. Traficantes ou seja lá quem for iria invadir as salas escolares e atirar a esmo nos alunos, no mesmo estilo que o maníaco carioca fez.

Bem, vamos lá. Satuba mudou bastante nos últimos anos. Desde que a prefeitura local virou a galinha dos ovos de ouro e disputada com mais gana e ódio do que nunca, a cidade não teve mais sossego.

Cartas anônimas aparecem de quando em vez satirizando, polemizando, xingando, e agora ameaçando. Antes apenas falava mal de homens e mulheres da cidade. Em seguida, criticavam ingenuamente a administração municipal de plantão.

Agora, a situação chegou ao seu clímax. Ameaças tomam de assalto o imaginário de uma cidade pobre e até então tranquila. Palavra essa que faz tempo que não se pronuncia por aquelas bandas. Desde que o Conjunto Nova Esperança virou o reino do tráfico, a cidade se transformou numa terra sem lei. Lá quem manda são os jovens traficantes, precoces bandidos que com arma em punho zoam e ameaçam quem por lá passa.

As mortes dos líderes se sucedem, só em 2011 foram três mortes que abalaram o tráfico local. Como sei disso? Pôxa, sou da região, moro no Centro da cidade, fico muito pouco em Satuba, é bem verdade, mas não falta quem me conte. Até por que sou jornalista, quem me conta sente ainda um fundo de esperança de mudança desta realidade.

Por isso que me corrijo e digo que não conheço mais aquela cidade em que cresci. Mas saliento aqui uma coisa, creio que não houve carta alguma. Se há realmente essa tal carta bomba, por onde ela anda? Onde estão seus autores? Eles têm coragem de fato em realizar tamanha chacina? Não creio.

Cometido um crime desta magnitude, Satuba jamais seria a mesma. Ou ela seria sitiada, ocupada pela Polícia Militar ou o Nova Esperança iria passar por uma limpeza ‘étnica’ sem precedentes. Isso atrapalharia os negócios do tráfico na região. Os bandidinhos de lá não tem coragem para empunhar uma arma para cometer essa matança. Seria burrice demais.

Mas também não sou tolo ao ponto de confiar no improvável. O nível de maldade que vivemos é de longe o pior da história humana. Loucos como o matador de Realengo tem aos montes por aí. São pessoas com um enorme potencial para cometer atrocidades jamais pensadas. E elas estão aí na internet, na sua escola, na sua faculdade, no trânsito. Você nem percebe. Gente assim achou esplêndidas as mortes das criançinhas cariocas. Nas redes sociais, os maníacos vibraram e exercitaram seu veneno.

É o mesmo tipo de gente que coçoou de nós nordestinos quando sofremos as enchentes de 2010, são pessoas como os skinheads, os homofóbicos, os intolerantes, são psicopatas, xenófobos, enfim, a lista é grande e doentia.

Não duvido ainda que tal boato tenha sido de conotação política. A oposição em Satuba é desleal e conhecida. Por um lado temos uma frente de oposição apoiada pelo ex-deputado federal, hoje preso, Francisco Tenório, outra vertente é apoiada pelo deputado estadual, indiciado na Operação Taturana onde foi preso pela Polícia Federal, Antonio Albuquerque.

O estilo de fazer política das duas frentes é sinuoso e perigoso, portanto de onde vier, é chumbo grosso. Jogam pesado e muito!

Enfim....Satuba novamente passa por dias de aflição, terror e medo. São crianças de 13, 14, 15 anos armados até os dentes traficando e com pose de rei. É uma política horrenda que é capaz de tudo pelo poder. Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come...

Com carta ou não, o medo impera.

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