quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Com um dente só

Ouvindo algumas canções de Zezé di Camargo e Luciano, lembrei de um personagem folclórico de minha vida. Pela alcunha de Alfredinha, Durval de Lima Santos, atende se você chamar. A cara dele já é uma piada. É aquele tipo de figura que anima o ambiente por onde estiver. Ele lembra o Renato Aragão nos bons tempos do Didi Mocó, lá nos anos 80.

Alfredinho tem apenas dois dentes. Como ele mesmo diz, um é pra roer e o outro para doer. Uma simpatia, e sempre muito prestativo não deixa faltar nada em festas e comemorações. O nosso colega trapalhão nunca teve lá sorte com mulheres. Já separado da primeira mulher, ele disfarçava o pesar por meio do humor. Era impossível ficar ao seu lado sem dar uma gostosa gargalhada.

E foi desse modo que ele ganhou a simpatia de todos, e assim continua sendo por onde passe. Piadas, jeitos, trava-línguas, tudo ajuda em sua vestimenta cômica. Sem dúvida é um personagem impagável. Come como se fosse seu último dia na terra. Dança como o próprio Didi Mocó, não perde uma oportunidade para fazer o outro rir.

Teve um tempo que ele nos acompanhava por aí em festas e farras pelo interior alagoano. Mas foi em Brasília-DF que ele fez a farra. Entre um churrasco e outro nas residências dos poderosos do planalto, Alfredinho fez fama de gozador e divertido.

Ele me ensinou que por pior que as coisas estejam, nós temos apenas uma saída: sorrir. Quantas e quantas vezes, eu com ele, fachamos bares e festas. Saimos na vassoura. Eu de um lado e ele do outro - ambos embriagados - mas com um sorriso de um canto a outro por suas inebriantes sacadas. Nos divertimos bastante. E foi ao som de Zezé di Camargo que ele não se continha e o pranto da solidão rolava no rosto. Mas nada que uma batida bem forte de palma não resolvesse para espantar a tristeza.

Sinto falta de sua convivência. Hoje, já casado novamente, se diz feliz e realizado. Já avô também diz que chegou o tempo de baixar o facho. Nunca mais tive o prazer de dividir uma mesa de bar com nosso saudoso amigo. Espero que mesmo quietinho no lugar dele, Alfredinho esteja animando o ambiente.

Se cuida, cara.

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