quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Querer é poder




Palavras tem o poder de um tufão na vida das pessoas, sendo assim cuidado ao proferi-las. A força da fé pode ser sentenciada por meio delas. Jamais elas seriam em vão e deste modo peço que continuemos nessa corrente mais do que pra frente, mas para cima e além. Nosso destino é a redenção e a renovação em nome da restauração da vida. Seguem os sentimentos e desejos, vontades e bem-quereres para a recuperação de Heverlane.

Nunca uma semana foi tão vagarosa e em jamais instante de minha existência clamei tanto pela intervenção divina. Podem até dizer que é oportunismo mundano em buscar a Deus apenas nos momentos de aflição. Sou pecador, fraco e tão terreno como qualquer que aqui vive e aceito as consequências em nome de um bem maior. Fui quase um coroinha, um diácono, quem sabe, por sempre ser regido pelas égides da Igreja de Roma. Afastei-me, flertei até com os evangélicos, porém meu ceticismo católico foi mais forte. Entretanto, jamais o descriminei. Inclusive foi conhecendo o protestantismo que enxerguei melhor o espiritismo e até as religiões de matrizes afro. Sem preconceito.

Pois em momentos de dor clamamos súplicas nas mais diversas línguas religiosas. Queremos apenas o bem maior, a extirpação do flegelo que cai momentaneamente sobre nós ou sobre os nossos. Acompanhando o sofrimento e a batalha diária de Hever acabei travando uma contenda interna. Era meu eu fraco, triste, choroso, contra um eu impávido, frio, controlado e inatingível. Por vezes, eu desabava em prantos e lágrims sem fim. Em instantes difusos, me deparava pensando bobagens, com cara de horizonte, achando que estava mesmo vendo o horizonte. No automático.

Ver ela em cima de uma cama, envolta a fios, pálida, indefesa é duro. Comparar ela com aquela Heverlane brigona, tinhosa, sorridente e espontânea é covardia. Mas aos poucos, dia após dia, uma esperança a mais ganhava, embora um retrocesso ou outro nos atingia mais fortemente. É, é isso que acontece, apesar da evolução do quadro clínico, da estabilização do índice de plaquetas, do controle da glicemia e da eliminação completa da possibilidade de leucemia, as breves e chatas esquemias transitórias - duas - tomavam proporções gigantescas e desanimadoras.

A preocupação é tamanha que nos deixa igualmente desnorteados e ficamos descrentes. Mas só por meio das orações demoradas e às cegas, com os olhos bem fechados, é que sentimos o alívio do Espírito Santo tomando posse de nós. E é isso que todos devem fazer nesse momento. Hever vai passar por procedimentos de limpeza do sangue, já que seu corpo desenvolveu anticorpos que rejeitam o sangue novo. É esse o motivo - pelo menos até agora - das sucessivas dores de cabeça e dos formigamentos preocupantes.

Estamos no degrau derradeiro dessa fase. É certo que ela passará por um tratamento rígido, após essa fase hospitalar, de perdas e ganhos cotidianos. Mas vai passar. A medicação a deixa grogue, mas é ela sim. Afago seu rosto, seu cabelo e sinto que tudo vai passar num piscar vagaroso de olhos. Vai sim.

De mãos dadas

Todos os dias recebo ligações, mensagens, recados no Twitter e no Facebook. É delas que sinto a energia de pessoas que nem sempre podem estar conosco sempre, mas elas estão conosco. São nosso alento, nossa rede de conforto e de fé. A palavra amiga que nem sempre temos, mas são em momentos assim que ficamos igualados em um exército de fé. Irmanados num só ideal, a nossa batalha ganha vida. Esses testemunhos nos enchem de força, inflam nosso espírito de ânimo. Elas funciona como aquela muleta que não nos permite cair, quando uma perna falha.

Por isso, que desde já sei que a providência divina é positiva e em prol da saúde de Heverlane. E como disse o amigo Felipe Camelo, "agradeça desde já, pois o melhor vai acontecer aos bons". Nem pensemos em outra hipótese, pois o bem vence sim. E triunfará novamente. Ela vai sair dessa ainda mais forte e melhor do que entrou. Está decretado.

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