quarta-feira, 21 de julho de 2010

Saudosismo ou funcionalidade


Mais uma vez as novas mídias tomaram conta do debate sadio e proveitoso do Observatório da Imprensa. A tema principal foi a morte da versão impressa do tradicional Jornal do Brasil. Seria o princípio do fim do jornal impresso como conhecemos? Disso não sei, e creio que ninguém sabe também. Os amantes do folhear não morreram, mas será que eles perduram por mais quantas gerações? Questões como essas foram interessantemente levantadas.

Ficaram as perguntas: com o fim dos jornais impressos, quem vai dissecar as informações do dia? Blogs jornalísticos, Tv, ou o próprio jornalismo on line não têm espaço para isso. Realmente o jornalismo virtual trouxe para o debate uma meninada boa, quer dizer, nem tão boa assim. A garotada forçou uma comunicação “por alto”, sem aprofundamento, pois o detalhamento não importa para eles. É tudo muito rápido e constante, mas sem conteúdo.

Antigamente, como lembrou o professor Alberto Dines, os jornais se degladiavam nas bancas de jornais com ideais, manchetes, notícias. Hoje, existe uma guerra publicitária, maquiada e superficial. É o marketing que dita as regras.

Nesses tempos os grandes jornais debatiam a informação, apenas a informação. Eram jornalistas de fato ‘brigando’ por meio de idéias. Não eram celebridades em capa ou fazendo matérias, fofocas, ou a vida alheia. Era quando o leitor era informado. E só. Função única e inata do jornalista.

Ok, ok, ok, o jornalista também opina, mas ele igualmente tem uma carga emocional, cultural e ideológica que pode influenciar o pensamento alheio. Ele tem seus interesses, e podem ser escusos, por que não? Isso é perigoso. A sociedade ainda não está preparada para discernir o texto tendencioso, da informação crua e propriamente dita.

Já por sua vez, o veículo digital permite o comentário, mas são nesses comentários identificamos a precária cultura do povo brasileiro. Mas não é culpa dele, e sim do Estado que não fornece a educação necessária para munir o cidadão de inteligência cidadã.

O on line chegou pra ficar e também trouxe a dúvida: como ele se sustentará? Até por que a notícia tem um preço e o preço dos anúncios não acompanha o valor do profissional. A sustentabilidade e o retorno não são ainda garantidos. Já um ponto para o virtual é que a sociedade não pode mais esperar por uma novidade em 24 horas, com uma nova edição do jornal. Hoje esse prazo diminui para segundos. Não há como.

O jornalismo de amanhã é incerto. As pessoas que vão ler jornal ou acompanhar notícias de amanhã é ainda mais imprevisível. Não há espaços para grandes reportagens, informações apuradas, elucidação dos fatos, esclarecimentos. Não sabemos a qualidade dos jornalistas que vem pela frente. É jogar as fichas e rezar para Gutemberg...

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