segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Futebol


Bola pro mato que o jogo é de campeonato. Esse e outros jargões aprendemos no mundo futebolístico. E na várzea a enciclopédia da bola ganha novas expressões.“Incruza cruzando”(sic), “Vai, pô, se afóça”(sic). São algumas delas que cresci ouvindo nos cafundós de minha cidade (Satuba).

Este fim de semana, fui acompanhar o jogo semifinal do torneio municipal.O América, no auge de sua tradição de 61 anos de fundação e principal clube de Satuba, disputou a partida contra o Apolônia – time conhecido por produzir ‘atletas’ mais avantajados fisicamente, aqueles do tipo que matam um boi com uma mãozada na cabeça.

Já sabem, em jogo de várzea a técnica, por vezes, é superada pela vontade. Parecia mais São João, era balão que não acabava mais. O campo cheio de buraco e desnivelado dificultava a troca de pelo menos dois passes. Tadinha da bola.

Pra animar a tarde, o banderinha (assistente do árbitro) era um show a parte. A cada marcação de falta, escanteio, impedimento, enfim, o camarada judiava da bandeirinha em punho. A flâmula cortava o vento como um facão. Era uma vontade que ele abanava aquilo...pense. Muito cômico. Ele certamente se inspirou no folclórico juiz Margarida que animou os campos brasileiros nos anos 80 e 90. Espalhafatoso como ele só.

Pois bem, depois de muito sol e correria, a partida foi decidida nos pênaltis, e o goleiro do América, Wendel, garantiu o seu time na final.

No animado jogo, revi amigos, companheiros dos tempos de boleiro. Recordei os dias que perdia meus fins de semana para me dedicar ao esporte. Perdia é forte, né. Mas quis dizer que em fim de semana de jogo, não se bebia, não se dançava, não tinha nada. Era concentração total.

Na várzea, no interior, é preciso muito mais que talento para jogar. É ter raça, sangue, envolvimento. E este ano em especial, o América precisa do título como jamais precisou. Pois como se trata de uma agremiação familiar, o seu patriarca faleceu recentemente. Lula foi um dos ícones dos zagueiros inteligentes e cultos.

Seus filhos (Thiago, Felipe e Diogo)agora estão à frente dessa paixão familiar. Como americano que sou, além de amigo pessoal de Lula e dos meninos, torço por mais essa vitória.

Domingo tem mais.

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