quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ela é poderosa!!!


Definitivamente não sou crítico de cinema, mas amo filmes, um cinéfilo assumido, no mínimo. Entretanto, não tinha visto recentemente uma história legal que rendesse comentários decentes. Ao ver "Ela", de Spike Jonze, estrelado por Joaquin Phoenix contracenando com a voz rouca e estonteante de Scarlett Johansson, mudei de ideia. O enredo é bem traçado e bem contato pelo personagem problemático de Phoenix. Vale a pena ver o sofrimento do cara. Colegas resumiram o filme como "melancólico"; bem, cada um tem sua opinião, então vamos a minha.

Sou um romântico à moda antiga. Lá no fundo, bem na minha essência sou um chorão inveterado, sentimental, presa fácil para as mulheres maléficas e ardilosas. Sentimentalóide como o Theodore, protagonista do filme, assumo. Em processo de separação da esposa - Catherine - ele cai em depressão profunda, aquela deprê mesmo, fundo do poço é pouco pra ele. No começo do filme já dá vontade de chorar, só de dó do cara. Ele e os amigos até que tentam dar um ponto final a esse sofrimento apresentando pessoas e investindo em outras alternativas; até que uma inusitadamente funciona.

Um sistema operacional acaba fazendo as vezes de amiga, ficante e namorada, em todas suas nuances - até no sexo. É tudo certinho, do mesmo jeito que é na vida real. Você chega a esquecer no decorrer do longa que ela é um programa de computador. A sedução, o enlace, as confidências, os desejos, sonhos, planos, até a sacanagem de traí-lo com outros 641 sistemas operacionais diferentes - pensa que é só na vida real que tem gente assim? Imagina....

Enfim, vamos ao que interessa. Todas as fases são compartilhadas entre eles, a conquista, a divisão de experiências, boas risadas, locais, fotos em forma de música, poxa, como se poderia imaginar isso? Sentimento puro, singelo, o amor em sua plena natureza. A perfeição em forma abstrata que poucos conseguem sentir. Para quê corpo, quando a sensação de prazer e bem estar está dentro de ti, ao apenas ouvir sua voz. E foi assim que eles se apaixonaram. Bobo? Não. Quem ama sabe do que estou falando.

O amor pede tão pouco, exige apenas atenção, cuidado, zelo. Ele se contenta com um simples olhar nos olhos, um toque no rosto, bem de leve, apenas com a ponta dos dedos, sem pressa, suave, escorrendo pela face até enxergar um sorriso, mesmo com os olhos fechados. Aaahhh o amor! Nos faz mudar de rumo, de lugar, faz todos desaparecerem, problemas não existem mais, dor, revolta, mágoa, idem. A solidão morreu e deu lugar a respiração leve, quase que nula, pois não conseguimos controlar nosso corpo diante da pessoa amada. Todos os sentidos são voltados para ela, só nela.

O filme dá a prova dos nove que o amor é capaz de nascer nos lugares mais inóspitos e das maneiras mais curiosas possíveis. Ao ver o filme, gente, você chega a sentir o poder que o amor tem, o que ele é capaz de fazer dentro de nós. Da autofagia destrutiva até a reconstrução de uma vida inteira. Tudo é diferente quando se tem amor. As cores são mais vibrantes, o céu mais azul, as pessoas? Bem, as pessoas são detalhes, meros coadjuvantes dessa passagem pela terra.

Até como sátira, a personagem de Amy Adams, melhor amiga de Theodore, com inveja dele disse que "o amor é a única loucura socialmente aceita". E ela tem razão. Somos capazes de tudo por um grande amor, brigamos com pai, mãe, família, mentimos, juramos por Deus, por filha, filho, tudo em nome do amor.

A dor da decepção também está presente no longa e não poderia deixar de estar. Faz parte do ciclo dos relacionamentos. Ele a ama, mas ela o ama de outro modo, de intensidade diferente que ela gosta dos demais - complicado, né. O fato é que ela arrasou com ele, e voltou a ficar depressivo, porém, com outro aspecto, mais confiante num futuro melhor.

É gente, o amor é assim, te dá o céu, mas te tira o chão quando ele se vai. A dor não se mede em dias, semanas, meses, muito menos se mede com os litros de lágrimas que derramamos naquela foça poderosa. Dor se sente, apenas dói. O jeito é deixá-la passar. Permitir que o tempo faça seu trabalho e faça cicatrizar aquela ferida que não fecha.

Você que ainda tem um coração pulsando ao invés de um cubo de gelo aconselho a assistir. Em muitos momentos, se verá em algumas partes do filme. Reconheça-se, reflita e tire suas conclusões. Tá bom, vai....pode chorar também!!!

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