quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entre elas


As histórias antigas já contadas estão escritas nas estrelas. A minha, a sua, a de muitos de vocês que estão lendo esse post devem estar lá. Histórias de amor, de ruína, glória e lágrimas ficam para trás e ao invés de se tornarem passado ou simples memórias, elas se tornam nosso julgo, nossa âncora, uma cruz. Histórias de tempos remotos, infantes, juvenis, ou até mesmo contemporâneas, mas que de tão efêmeras se desfazem como a poeira do tempo.

Todos nós a temos. Nem sempre elas acabam como gostaríamos, lamentamos por isso, mas nosso pesar não é o bastante para corrigirmos erros. Quem dera se pudéssemos retornar para reviver instantes de alegria e plenitude. Fortes emoções que nos lapidaram e nos fizeram como somos, minto, me perdoem, não foram os tais momentos de regozijo que nos moldaram, jamais. A lição vem apenas com a dor, com o lamento, o pranto, o erro.

Talvez seja por isso que sempre quando observamos o luar, o céu estrelado, a imensidão negra do horizonte noturno, nós viajamos, flutuamos num mundinho só nosso. Por favor, por favor, nesse mundinho não pecamos, não fazemos mal a ninguém, apenas pensamos, inocentemente devaneamos uma realidade fantasiosa que só nós podemos entrar. São aqueles segundos que ficamos olhando sem respirar...e quando puxamos o ar...é bem fundo...fundo mesmo...é como se tomássemos novo fôlego pra enfrentar a nossa realidade.

Não que nosso mundo real seja ruim ou insatisfatório, nem sempre. As histórias que o céu conta são nossas, nossas memórias, pensamentos secretos, que todos temos direito, independente de gozo atual ou não. Indefere. Não esqueçam, são apenas histórias, só histórias. Fatos que se foram, e não voltam. Estão lá guardados entre nebulosas, asteróides, planetas e estrelas, tão distantes de nós que nem podemos alcançar. Acho que é por isso que as antigas histórias ficam por lá, para que nenhum ser vivo possa trazer de volta tudo o que se viveu.

Mais uma vez, pra deixar claro aos navegantes, ou diria astronautas....não se trata de nostalgia melancólica. Quando estamos admirando as estrelas, a paz toma conta de nós e nem o ar é necessário nesse momento, nós estamos atônitos, hipnotizados pelo passado, pela memória que a ninguém ofende e ninguém maltrata.

Portanto, ao erguer as mãos aos céus para falar com Deus, peça-o para guardar bem suas memórias e diga a Ele que não deixe ninguém pegar. As histórias estão entre as estrelas, e ligando uma na outra, revivemos cada momento. Amém!

Um comentário:

  1. Eita Cadu! Tão poético! Gostei muito. Mas passando do subjuntivo pro conotativo: ganhei um telescópio no Natal e não aprendi a usar. Ontem quase fiquei cega tentando ver as crateras lunares e não consegui ver "uma" estrelinha...
    Adriana Cirqueira

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