sexta-feira, 7 de março de 2014

Coitado do português



O Caminhos de Minutos nunca foi lá um recordista de acessos, nem essa é sua missão; porém, seu retorno tem sido gratificante. Leitores têm me procurado para agradecer pela volta deste espaço, para a minha surpresa, lógico. Aqui converso, arengo, emito minha opinião e escrevo algumas bobagens que entendo como relevantes para alguém por aí.

Cinema, viagens, política, comportamento, crítica; não se trata de uma revista ou algo do gênero. Nada disso. Porém, venho agora criticar minha categoria. Em papo informal com um colega jornalista chegamos a constatação lamentável que não há um registro autêntico, isento e, fundamentalmente, bem escrito sobre o meio jornalístico alagoano.

Seja um blog, um perfil no Facebook, algo que aproxime ou apenas conte histórias do jornalismo caeté. Se seria um bestiário da imprensa como há por aí? Bem, não sei. Porque seria um bestiário? Ora, gente, temos profissionais da mais alta qualidade. Gente bem capacitada, mas em contraponto, há colegas que deixam muito a desejar. E a decepção é em todos os sentidos, desde o simples trato com o língua pátria - concordância verbonominal, artigos, plural, singular, vocabulário pobre, para não dizer medíocre - até a falta de criatividade e desenvoltura em pautas e por tabela, nos textos por fim.

É triste só ver nos sites noticiosos a reprodução exata de releases que se transformam em matérias por um passe de mágica. Não há apuração. Prevalece o 'disse-me-disse', o 'ouvi dizer' ou ainda o 'fulano falou'. Ora, gente, tratamos com vidas, com gente, pessoas, leitores que pensam e sabem discernir o certo e o direcionado. Não há mais tolos.

Basta ler obras literárias ou até bulas de remédios para se obter uma carga textual básica, cronologia de pensamento; ideia até! Não é tão difícil, juro. Há quatro anos escrevi um texto semelhante, criticando os erros ortográficos primários oriundos dos dedinhos de jornalistas que passaram pelas cadeiras da academia. Como era esperado, fui criticado. Bobagem. Não ligo. Prefiro enfiar o dedo na ferida e provocar os profissionais para que eles percebam sua importância social.

Reza a lenda que o experiente jornalista alagoano Márcio Canuto, da Globo São Paulo, ainda como editor do jornal Gazeta de Alagoas, pedia para o auxiliar de serviços gerais da época ouvir seus textos para saber se o conteúdo ficou compreensível. Ótimo! Exemplo a ser seguido. Ahhhh se todos assim fizessem; estaríamos salvos.

Seria uma verdadeira boia salva-vidas para o português. Não venham com a velha desculpa da pressa, nem com aquela outra de que não tem editor de texto - o profissional - para corrigir. Por isso que até contesto alguns prêmios jornalísticos distribuídos a torta e à direita. Aí é como digo, 'vemos o jornalista de verdade, o repórter autêntico e com texto final sem alguém para revisar seu texto'. Pena que em Alagoas poucos podem se gabar deste status.

Quem não se recorda do 'Imprensa que é bom'. Perfil no Twitter que direcionava mesmo os erros da mídia alagoana, entretanto com muito bom humor. Precisamos sim de uma obra que registre nosso dia a dia, nossa labuta árdua, os obstáculos. Chefes acéfalos, burros e sem conhecimento mesmo, repórteres sem conhecimento, assessores que privilegiam meio A ou B, jornalistas que joguem charme para conseguir vantagem - para não dizer outra coisa -, guerra por celulares e computadores de boa qualidade - quando tem. Enfim, não matamos um leão por dia, enfrentamos um zoológico inteiro.

Não estou jogando pedras, nem afirmando que sou o maioral, por favor, gente, sem baixaria. É apenas mais um alerta para se capacitarem, abrirem o olho, que sejam mais preocupados com seu material jornalístico, 'penteiem' mesmo, alisem, cuidem, zelem por seus textos, procurem mesmo um dicionário, o que há de mal? A sociedade agradece (novamente)...

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