terça-feira, 29 de novembro de 2011

Que vida...


Antes de mais nada perdão pela ausência. Meu sumiço tem motivo, só não tem nome. Aliás, diversos nomes. Inspiração, tempo, circunstâncias, temas, enfim, falta deles. E podem ter certeza uma imensidão de coisas aconteceram e aos poucos vou contando para vocês. Primeiro vou contar minha experiência com o mundo cão, da violência, do matar e morrer.

No domingo, fiquei de plantão no jornal, em especial para o site Tribunahoje.com. Geralmente as tardes de domingo de futebol são tranquilas e calmas. Ledo engano. Primeiro homicídio do dia e meu também. Jamais tinha feito cobertura de um assassinato. Nem nos anos que passei na Tv Pajuçara - quatro anos, onde lá no programa Fique Alerta - programa policialesco que cobre este tipo de matéria. Uma febre no país.

Pois bem. Sempre quando vou a alguma pauta já fico tentando advinhar a história. Por meio da experiência, tentar antecipar o que os entrevistados vão falar. Prever algo. Porém, neste momento eu não pensava em nada. Não sabia o que iria encontrar. E quando isso acontece o juízo manda o recado: calma.

Ao chegar no local do crime, cumprimentei os policiais e fui dialogando numa boa e pisando em ovos. Conversando, trocando informação. Sorte que peguei um pm educado e bem cortês. Ao contrário da pauta seguinte....chego já nela. Era o seguinte. Jovem de 24 anos, casado com uma moça de 16. Traficava. Foi executado com três tiros de pistola na cabeça. Bem, a jovem conseguiu fugir ilesa. Entretanto, o suposto traficante não teve a mesma sorte.

O pm perguntou se gostaria de tirar foto do defunto. E fui. Entrei na residência do morto. Pôxa, tirei as fotos. Logo após me peguei pensando que estava ali, entrando na história de alguém em sua morte. Diante de uma pessoa que jamais tinha visto, mas estou registrando seus derradeiros instantes, escrevendo sobre seu legado. Dentro de sua casa, respirei seu mundo. Senti-me estranho. Vi no rosto das pessoas fora da casa um olhar de alegria branca pela morte do traficante. Uma satisfação. Uma vingança às avessas.

Após este caso outra surpresa. Mais um crime. Outro homicídio. Desta vez um mistério prévio. Uma pequena empresária aparece morta em sua garagem. Seu corpo estava de bruços, mãos para trás, pouco sangue. Quem me recebeu no local do crime, um pm mal preparado, insatisfeito com o trabalho, mal humorado, irônico e mala. Identificou? Tem muitos, né. Infelizmente. Então, de início o Sherlock disse que poderia ser suicídio. O espertão tirou a conclusão antes da Criminalística chegar.

Todo mundo que cobre Polícia pede para jamais cobrir algo que envolva família. Não foi o meu caso, mas passou perto. Susto! No local, uma tia minha lá. A vítima era neta do meu tio - casado com minha tia. Tio Mário foi meu informante e eu seu confidente. Seu pesar e seu lamento ouvi de pronto, porém não poderia esbravejar no texto todo seu sofrimento. Triste demais. O IC fez um levantamento inicial e ela teria sido esganada por meio de uma 'gravata' e seu rosto foi jogado contra o chão diversas vezes.

Mais uma vez, me afundei na reflexão. Rezei pelas duas almas que foram pro andar de cima. Ainda bem que cubro Política, pois Polícia é fogo. Você se brutaliza, a violência te brutaliza. Uma dureza!

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