quarta-feira, 2 de abril de 2014

Clamamos por verdade




Quando se fala nos 50 anos do Golpe Militar remetemos a uma gama infinita de assuntos que clamam por elucidação desta lacuna histórica de informações sobre os anos repressivos. Esta é a função da Comissão Nacional da Verdade, como também das comissões estaduais com este mesmo intuito. Fruto de uma apuração séria e comprometida, a Comissão Nacional da Verdade achou um dos grandes algozes do regime. Claudio Guerra, delegado de Polícia responsável pelo desaparecimento de centenas de corpos de revolucionários. Ele vive atualmente em Vitória, no Espírito Santo.

O canal GNT levou ao ar na noite da terça-feira, 1º de abril, um documentário esplêndido ilustrando a busca por redenção do ex-anjo da morte, Claudio Guerra. Com o livro Memórias de uma Guerra Suja, o ex-agente da repressão mostra como atuava e servia ao regime militar. Guerra era responsável pelo treinamento e criação de grupos paramilitares para identificar, caçar e matar agentes da resistência.

Após ser condenado a 42 anos de prisão por outros crimes, não pelas atrocidades cometidas entre 1961 e 1985, Claudio Guerra, no cárcere, 'encontrou Jesus' e se diz arrependido do passado sanguinário. Bem, tirem suas próprias conclusões. Porém, uma informação do documentário me chamou a atenção: que os grupos secretos paramilitares de execução ainda existem; são deles que Guerra têm medo.

O ex-delegado já prestou depoimento na Comissão Nacional da Verdade, porém o teor dele será conhecido apenas na segunda metade deste segundo semestre. Em Alagoas, a Comissão da Verdade segue pegando depoimentos, mas a mídia local não dá valor, não noticia, talvez por não conhecer a importância desta apuração, visto que os profissionais em atuação não conhecem o peso deste tema. Gente, é um alento para famílias inteiras conhecer um passado esquecido. Entes queridos jamais encontrados por pais, filhos e afins. É uma violência sem tamanho. A ditadura foi um fato histórico marcante por demais para nosso modo de vida hoje.

Para as famílias alagoanas, a Comissão pretende desvendar o que aconteceu com Jayme Miranda e Manoel Lisboa, por exemplo, isto citando apenas os mais conhecidos. Os restos mortais de Lisboa já estão localizados e foram devidamente devolvidos a família. A verdade sobre os restos mortais do jornalista alagoano Jayme Miranda ainda está sendo investigado. O sargento Marivaldo Chaves informou, em entrevista à Veja, disse que Miranda foi torturado, morto e seu corpo foi esquartejado, jogado em seguida no Rio Avaré, em São Paulo.

Nossa imprensa, neste sentido me envergonha, pois não está alinhada com a mídia de outros estados que estão a todo vapor de olho neste estudo. Lamentável! Alagoas fica numa ilha histórica. Quando fui editor do caderno de Política, do jornal Tribuna Independente - Maceió/AL -, dava com muito prazer este espaço e contribuição para a história brasileira.

Espero agora que as comissões da Verdade provoquem a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que também fechou os olhos para a ditadura. Hoje, a Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu desculpas pelo apoio ao Golpe. Novidades vêm por aí.... 

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