sábado, 9 de janeiro de 2010

Vida de estagiário


Num dia qualquer na redação, atendo o telefone e do outro lado da linha uma voz feminina me pergunta sobre uma matéria, só que era uma pergunta tão sem noção que nem vale a pena levantar aqui. No jornalismo, geralmente quem fica com essa parte de ligar para as redações, assessorias, empresas e demais fontes, é o estagiário. Porém, algumas figuras totalmente sem noção e sem conhecimento algum, acabam cometendo gafes impagáveis.

Eu vou e respondo a companheira sobre o referido caso, mas aí, vou e pergunto se posso dar um conselho. O nome da fulana não vou dizer para não manchar o futuro jornalístico da colega. Quando somos ‘escraviários’ o nosso editor de plantão faz de nós de gato e sapato, quem foi sabe bem como é.

Ele chega e diz assim:”Ligue para fulano e pergunte sobre isso e aquilo”. Pronto. Aí tentamos saber algo mais e ele solta um ‘se vire’. No mínimo deveríamos saber uma nesga sobre o assunto. Mas não funciona assim. E com a coitada da estagiária não foi diferente, a pergunta desconcertante dela demonstrou seu total desconhecimento sobre o assunto, mas tudo bem.

No meu conselho torpedo pra ela eu sugeri que antes que seu editor acabasse com sua precoce carreira, ela pegasse um jornal e lesse sobre o tema questionado. Em meus tempos, eu era o primeiro a chegar na redação. Chegava cedo por que tinha que pegar o busão bem cedinho e assim poder ler todos os jornais e assistir os periódicos matutinos. Era uma canseira.

Já às 8h estava tinindo, não tinha assunto que não desenrolasse. Dava até pitaco nas pautas e ainda como estagiário fui deslocado para fazê-las e executá-las. Foi o céu para mim. Ainda durante minha faculdade, eu estagiei em dois lugares: numa assessoria de imprensa de uma secretaria de estado e numa emissora de televisão.

Eu fazia destes lugares minha segunda casa, só faltava dormir lá. Especialmente na TV, eu queria aprender tudo e fazer de um tudo deu no que deu. Certa vez chegou um grupo de crianças para visitar a emissora. Minha chefe olhou pro lado, olhou pro outro e mandou que eu fosse o cicerone da criançada apresentando todos os pontos da empresa. Nossa senhora.

Com o repórteres cinematográficos era uma onda. Era cabo pra lá, cabo pra cá. Até que um dia um jornalista deu uma bronca neles por estarem abusando de minha bondade. “Ele está treinando para ficar na frente das câmeras e não por trás delas”, disse ele. Uuuuuuuuuiiiiiiiiii. Mas enfim. Nessas histórias de três anos lá (Foram quatro anos ao todo, um como profissional), fui iluminador, câmera, repórter de fato, pauteiro, editor, dava ao vivo da rádio, staff, ufa....cansou, mas valeu a pena.

Estagiário é isso. Faz tudo, mas antes gente, tem que ralar, ler muito e saber de um tudo mesmo. Por isso antes de ligar paras seu sicrano que seja, leia antes, a pressa realmente é a inimiga da perfeição. E como é...

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