Se tem um assunto que me instiga e me fascina, é história. E quando sentimos a história chegar perto de nós, é que nos transportamos para os tempos passados. Em outubro próximo completam-se 150 anos da visita do imperador Dom Pedro II ao baixo São Francisco alagoano.
Foi em outubro de 1859, que o intrépido imperador, já com 34 anos, navegou com a imperatriz Teresa Cristina. O jovem imperador passou por cidades como Penedo, Porto Real do Colégio, Piaçabuçu, São Braz, Traipu, Pão de Açúcar, Piranhas e Delmiro Gouveia.
O que se sabe é que Pedro II não lá puxou muito o seu intelectuo do pai, mas o espírito aventureiro sim. Segundinho, se assim podemos chamá-lo, viajou boa parte da viagem em lombo de burro. O imperador brasileiro relatou em seu diário de bordo todas as belezas naturais da região com uma riqueza de detalhes impressionante.
Ele ainda de próprio punho desenhou parte do relevo da calha do rio e das pequenas cabanas ribeirinhas, que futuramente dariam origem às cidades que hoje margeiam o São Francisco alagoano.
Toda essa riqueza de detalhes virou livro. "Viagens pelo Brasil - Bahia, Sergipe e Alagoas - 1859" foi organizado pelo professor Lourenço Lacombe (Título original data de 1959 - Diário de Viagem ao Norte do Brasil). Segundo o relato da obra, Dom Pedro II passou dez dias em terras alagoanas.
Até hoje existem registrados da passagem da comitiva imperial nas cidades de Penedo, Pão de Açúcar, Piranhas e Delmiro Gouveia. A descrição de detalhes é tão rica que chega a criar em nossa frente um quadro do cenário que ele presenciou. Muitas lendas também cercam essa visita. Como por exemplo, que ele deixara um herdeiro de uma aventura ligeira, e outra, que existe hoje na região de Traipu, um tipo de renda que leva o nome da imperatriz. Lendas, e lendas.
Em Pão de Açúcar, o monarca tupininquim pernoitou nos dias 17 e 22 de outubro de 1859. E em seu diário de viagem, depositado no Museu Imperial, Dom Pedro II tece elogios à vila: "A vista do Pão de Açúcar é bonita".
De forma objetiva, o imperador queria com essa viagem conhecer o povo ribeirinho de perto e ainda construir um linha férra na região para ligar o baixo e o médio São Francisco. Pedro II pretendia também incentivar as navegações no rio, principalmente as expedições de exploração para fomentar o desenvolvimento das localidades.
Na viagem, o casal imperial manifestou o gosto sempre destacado pela cultura e pela música. Hábitos esses não lá muito admirados por Pedro I. Comparo sempre ambos por serem tão diferentes em certos aspectos. O proclamador da independência era mimado, garanhão, irresponsável, bonachão como Dom João, mas articulador e astuto.
Por sua vez, Pedro II, desde jovem encontrou na política sua veia. Letrado e culto, muitos diziam que foi uns dos primeiros políticos com ideias republicanas. Sempre foi a frente de seu tempo. E seu gosto refinado por música boa foi posto à prova na viagem, quando em sua chegada em Penedo, o sacristão tocou horrivelmente, disse o imperador no livro, uma canção sacra, irritando-o.
Encerrando a viagem à Alagoas, em 8 de dezembro de 1859, Pedro II e Teresa Cristina admiram um hino, de autoria de Ildefonso de Paula Mesquita Cerqueira, cantado pelo então estudante Clarêncio Lucindo da Silva Jucá, acompanhado pela Banda Marcial do Corpo de Polícia. É a história presente aqui pertinho de nós alagoanos.
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