Neste fim de semana o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas completa 50 anos de atuação e combatividade. São cinco décadas de exemplo para as demais entidades da classe no país a fora. Foi em Alagoas que foi instituído o primeiro prêmio aos profissionais de comunicação no sentido de contemplar os maiores trabalhos jornalísticos no ano. Mas isso não tem peso algum quando colocamos na balança a qualidade do jornalismo alagoano.
Fazer jornalismo no Brasil não é fácil, e tentar fazê-lo com dignidade em Alagoas é ainda mais difícil. Na Terra dos Marechais, onde coronéis continuam mandando, a comunicação ainda é dosada e pensada conforme eles querem. Os coronéis de antigamente utilizavam apenas o poder da bala e do chicote para fazer valer sua vontade. Hoje, além da força, a palavra ganha status de balas com igual poder destrutivo.
Os currais eleitorais foram aumetados a proporções de municípios e regiões inteiras. Até onde alcançam as ondas do rádio e da televisão, os novos caciques da comunicação mandam seu recado de alienação. Eles seguem a risca o ensinamento do mago da comunicação brasileira, Assis Chateaubriand.
"Se quiser escrever a sua opinião tenha um jornal", disse o fundador do Diário e Associados. Bem, foi mais ou menos isso que ele disse em um bate boca com seu subordinado, o então repórter Rubem Braga.
O convidado especial para a festa do cinquentenário do Sindjor-AL, Domingos Meirelles falou um pouco de sua trajetória jornalística e deixou um recado para os profissionais da comunicação de Alagoas e estudantes que pretendem futuramente usar a caneta como instrumento de trabalho.
Segundo Meirelles, o jornalista deve encontrar um lado, mas não aquela coisa de defender um ideal, uma ideia, uma bandeira, que defenda até. Mas o segredo segundo o jornalista é, criar uma trajetória, honrrosa, e por favor, proba e reta, se possível. Algo que se possa orgulhar.
Domingos Meirelles disse que é possível sim fazer um trabalho jornalístico de qualidade onde quer que se atue. Seja no âmbito privado ou público, basta apenas ter talento e senso crítico; a comunicação permite aflorar sua qualidade.
Ele contou uma breve história onde como repórter de impresso no Rio de Janeiro entrevistou um coronel do DOI - CODI, aparelho de repressão do Estado nos tempos de chumbo da ditadura militar. Ninguém queria entrevistar o famigerado, conhecido por sua brutalidade e desumanidade com seus amotinados.
Meirelles começou a exaltar de forma superficial o oficial, foi quando que o entrevistador ganhou a confiança do entrevistado. Aí foi sopa no mel. Ele falou tudo e muito mais de suas ideias de violência e atrocidades. Tudo foi muito bem explicado e publicado no jornal, e pasmem, com a aceitação do coronel carrasco. Resultado, o oficial nunca foi promovido a nada depois disso, e Meirelles conseguiu emplacar a entrevista no jornal na íntegra, em plena ditadura, driblando a censura.
Moral da história, basta ter talento e jogo de cintura para driblar as imposições do regime vigente, leia-se, linha editorial. Meirelles é a favor do diploma e mesmo sendo um profissional não diplomado, acredita que não é inconcebível um profissional que mexe com os destinos de um povo, não passe pelas bancas da academia. Definitivamente....
....assino embaixo meu nobre! E viva à Freitas Neto e Denis Agra. O jornalismo alagoano agradece!
domingo, 6 de setembro de 2009
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