sexta-feira, 26 de junho de 2009

Em mesa de bar


Qual o lugar onde você pode falar o que quiser sem ser repreendido por ninguém? Qual a arena de discussão que todo mundo pode se engalfinhar, mas termina sempre tudo bem? Onde começam e terminam relacionamentos, pessoas se conhecem, grupos comemoram, reuniões acontecem e todos são iguais? Toda essa zorra não acontece em tribunal algum, caso o caro leitor pense. Essa celeuma de eventos acontece sempre na mesa de bar. Sim, claro, como não?

É lá onde debatemos a essência humana, o sexo dos anjos, fofocamos, dizemos quem é bom ou ruim, mesmo essa pessoa estando ou não...rsrsr. No mais, é o local mais democrático que conheço. É a praia do jornalista. Lá a categoria pode fumar, beber, comer, conversar, xingar Deus e o mundo. Tecer comentários sobre política, economia, futebol, mulheres, homens, gays, o que seja. É o lugar.
É na mesa do bar que ficamos ao lado das pessoas que gostamos. Brindamos vitórias e amargamos derrotas, bebemos então para esquecer mágoas e lamúrias. Sentados num boteco descobrimos como somos carentes, pois é ao lado de amigos e sob o sutil efeito do álcool que confessamos amores eternos, desabafamos segredos mortais, confabulamos planos maquiavélicos e negociamos a própria alma ou até outras coisas, se for o caso.

Entre os nossos estamos desarmados, despidos de qualquer couraça protetora, e encostados na mesa movimentada dos bares da vida olhamos para um futuro incerto. Sofremos por antecipação, mas também comemoramos primaveras e verões em aniversários diversos, até a festa de boneca entra no embalo.

Poetas usam o ambiente inebriante dos botecos para compôr suas canções e poemas apaixonados. Turmas e mais turmas de artistas se aproveitam da fumaça branca dos bares para devanear histórias e sonhos impossíveis de um olimpo perfeito aqui na terra.

Ainda entram as crítivas aos governos, aos políticos e todo tipo de injúria nunca emitida publicamente aos representantes do "povo"....soa até como brincadeira. Mas é assim mesmo, é na mesa do bar que nos tornamos bravos, ricos e amigos de todos. Perceba.

As vozes podem até ficar mais exaltadas mais não por raiva ou ira, mas devido ao som alto. Já que nessa rinha, não há revolta que faça separar verdadeiros amigos que compartilham de goles e goles de uma cerveja bem gelada. Há apenas estampidos de ódio, picos apenas; nada que um forte abraço e o esbravejo de alguns palavrões não curem.

Assim é o cotidiano de bares e botecos de nosso país. É o lugar de paz, papo, bebida, amor, comida, ideologias de copo, planos, frustrações, comemorações, idas e vindas...É o bar nosso de cada dia. Viva a boemia, como diria Nelson Gonçalves.

Um comentário:

  1. Eu sou jornalista e não desisto nunca, hehehe! Se mesa de bar é democrática em si, mesa de bar de jornalista o é mais ainda...

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