Durante a segunda metade do século XX, pipocavam no mundo levantes quase que seguidos em busca liberdade. A Guerra Fria estava dividindo bonzinhos e ruinzinhos na Terra, mas quem lá sabe o que era bom ou ruim? Mas assim como na Irlanda, onde o grupo Exército Republicano Irlandês (IRA) almejava a divisão da Grã-Bretanha entre católicos e protestantes, fervilhava na Espanha um processo separatório que marcou os anos 1970 e 1980.
O grupo separatista Basco, o ETA, tinha aumentado a frequência de seus atentados terroristas logo após a morte do ditador Francisco Franco (que governou de 1939 à 1976, mas Franco morreu em 75. Já com Felipe Gonzáles como presidente e tentando consolidar a democracia na Espanha, o Estado criou supostamente em 1983, um grupo para se contrapor às ações terroristas do ETA.
O Grupo Antiterrorista de Libertação (GAL) era o braço armado do Estado espanhol para acabar com o ETA. Ou seja, o governo espanhol recrutava mercenários ou até mesmo policiais, para matar revolucionários. Ou melhor, dinheiro público aplicado para instituir um terror estatal.
Veladamente isso aconteceu em toda a América Latina quando nos países se instituíram as ditaduras militares. Mas na Espanha, a força era maior e mais medonha, se é possível, é lógico.
Quem se interessar pelo assunto, pode conferir o material numa produção espanhola que relata nove anos de investigações de dois jornalistas espanhóis que desmantelaram o esquema governamental de assassinatos, extorsões, mentiras, seqüestros e torturas. A película se entitula de GAL, a produção é de 2009.
Lá como aqui, a democracia penou para se firmar, mas estranhamente escrevendo este texto me fez lembrar de um período da história brasileira que se assemelha ao espanhol.
Os tempos eram difíceis na recém proclamada República Federativa do Brasil. O velho Marechal Deodoro da Fonseca estava morto, e assume o poder o também Marechal de armas do Exército, Floriano Peixoto.
O Marechal de Ferro, como ficou conhecido, suprimiu revoltas por todo o Brasil esmagando os focos monarquistas em cada canto do país, utilizando todo o poderio bélico do Estado. Assim aconteceu na região que hoje conhecemos como Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina. O que se tem notícia é que foi lá que o Exército Brasileiro matou milhares de pessoas para abafar um levante monarquista. Daí veio o nome Florianópolis, para ‘homenagear’ o Marechal de Ferro alagoano.
É companheiros, o braço armado do Estado quando entra em conflito sociais, geralmente leva vantagem. A bala come. Mas no caso espanhol foi diferente, a astúcia e a perseverança dos jornalistas em destaque derrubaram uma estrutura militar muito temida na Espanha do início dos anos 1980 e fim dos 1970.
Assistam o filme. É uma boa pedida.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
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