O que somos e pra onde vamos? São questões que a humanidade persiste em levantar, e diante dos acontecimentos recentes, já tenho uma opinião bem formada sobre tais mistérios. Em minhas últimas horas tenho acompanhado de perto os momentos derradeiros de meu tio Benedito Epifânio, falecido ontem, experiência que deixou marcas.
O tumor que acometeu meu tio foi impiedoso com seu corpo. Ele que já estava com seus 69 anos, mas era robusto e forte, ficou bastante debilitado. E foi nesse estado terminal que o encontrei diante de um frio balcão do necrotério do hospital.
Estava ali diante de mim tudo o que um ser humano pode conseguir no fim da vida. Casa, carro, filhos, dinheiro, fama, riqueza, nada importa nesse momento. Todos os objetivos que matamos e morremos, de nada valem. Somos só um pedaço de carne. Simplesmente e friamente falando.
Nos resumimos nisso. Ossos e músculos num corpo gélido estirado e despido, onde pessoas ficam mexendo em nossos órgãos, costurando, tirando ali, ajeitando acolá. Nada. Um ser morto. Ao redor, lembranças dos entes que enchem nossa cabeça de sentimentos confusos, conflituosos, saudosos.
A transitoriedade da vida é jogada em nossa cara. A carcaça que usamos é irrisória e pífia diante da grandiosidade de nossa alma. Somos frágeis demais. Que coisa...
São em horas de despedida que amigos e familiares de longínquos lugares se irmanam para por meio da dor se confortar. É o único caminho. O abraço, o afago, as palavras, ou apenas um olhar serve como sossego. Uma companhia da pessoa querida ao lado dando forças, um apoio, um aconchego necessário, mas as vezes não o temos. Fazer o quê???!!! Nada. Rezar e pedir conforto a Deus.
Após o falecimento de minha avó, em 1997, eu tinha jurado jamais ir a um velório. Mas essa experiência vez por outra bate em nossa parte, e desta vez ficou marcada em mim uma lição profunda. Vejo a vida de outro ponto de vista, tenho uma ideia diferente do que percebia. Aconselho a todos então, aproveitem, vivam a vida da melhor forma possível. Mas não esqueçam de tratar seu corpo com prudência e respeito aos limites.
Passe mais tempos com familiares, filhos, amigos, parceiros. Ria mais. Olhe mais para as estrelas, admire um belo luar e desfrute mais do calor gostoso de um pôr do sol. Faça da sua passagem pela Terra algo que possa se orgulhar. Deixe um legado inesquecível, e permita que lembrem de você como um ser eterno.
Digam que amam, abraçem, beijem. Dêem e transmitam amor. Pois após um doloroso e triste sepultamento, as lembranças doces é que enchem as rodas de conversas. Pode ter certeza.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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