domingo, 21 de novembro de 2010

Com as bençãos dos orixás...


O dia começou cedo, por que saberia que seria bem longo e movimentado - como foi. Por vontade própria e compromisso com meu trabalho de jornalista, tinha a necessidade de retornar às pautas, matérias e sentir o cheiro da rua, conversar com os colegas e escrever, escrever não apenas no blog, mas escrever. Os próximos posts vão dizer o que rolou neste 20 de novembro.

Bem, pra começar, os batuques da Serra da Barriga eram a minha pauta do dia. Fazer a cobertura das festividades no solo sagrado afro. Era onde o líder negro Zumbi entrou para a história. Que pra mim é balela! Até já escrevi aqui no blog sobre isso.

O Quilombo dos Palmares foi um núcleo de resistência, mas ao seu modo, mas particularmente creio que o principal motivo de sua queda foi o econômico. Não tenho provas, não sou historiador, mas acredito que já que o quilombo abrigava escravos fugidos e por tabela existia um comércio interno, o quilombo crescia e ameaçava o poderio dos senhores de engenho. É uma teoria apenas, uma teoria minha, e logicamente pode estar errada, porém, essa de Zumbi retratado como o bonzinho, pra mim não cola.

Voltando à minha pauta. Eu já tinha feito outras coberturas desta mesma festa. Mas este ano impressionei-me com a fé do povo. Isso mesmo, fé! Pois subir aquela serra num calor causticante, à pé, num sábado. Putz...tem que haver algo a mais no que acreditar do que apenas pura vontade.

Lá chegando, a alegria e o branco tomavam conta. Mais gente de branco você só veria num réveillon na praia ou em congresso de dentista ou pai de santo. Gente demais. A cada cantinho tinha uma roda de capoeira e outra roda de 'pôrra-louca'. Aquela galera que só subia a serra pra puxar um baseado e dizer que era hasta, mas enfim...

Guloseimas, calor, muita água e o gingado negro contagiavam. Adorei, ahhh, e ainda tinha o visual da Serra da Barriga, que mar verde você avistava...vale a pena conferir, não apenas no Dia da Consciência Negra.

Lá tinha de tudo, padre, pastor, e claro os representantes das religiões de matriz africana. Conversei com o Pai Célio, um das maiores representações afro de Alagoas, e ele me chamou a atenção para uma coisa. "Hoje podemos alcançar algo além do respeito", disse. Pois é inegável o respeito que as religiões desta natureza ganharam espaço, e hoje já aceitamos e respeitamos.

Axé...

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