quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sonho Diamantino




Quem disse que o paraíso é apenas praia? Chamamos de paraíso aquele lugar que nos dá paz, faz nosso olho brilhar e nosso coração sorrir de tanta beleza natural diante de nós. Um dos exemplos do cantinho de Deus longe das praias de nosso litoral brasileiro é a Chapada Diamantina, na Bahia.

Cortada pelos municípios de Mucugé e Lençóis, a Chapada Diamantina ficou famosa durante as gravações da novela global Pedra Sobre Pedra, início dos anos 90. As cachoeiras intermináveis que mais lembravam enorme duchas frias, retiram de nós todo ranço de estresse cosmopolita.

Estive na chapada baiana em 1997 com um grupo da minha escola. Eram tempos de pré-vestibular, e todo mundo queria se despedir em alto estilo. Naquela viagem pouca gente foi pensando em curtir um turismo diferente, um turismo pouco convencional, o ecológico. Eram trilhas que custavam horas de paisagens dignas de um quadro de Monet. Caminhos longos de vários minutos, se posso assim dizer.

Árvores centenárias, bichos, muito bicho, me deparei com três cobras, e percebi as odeio. Foi quando conheci meus dois maiores medos. Esse foi o primeiro. Depois conto o seguinte.

No Poço Encantado, vi o fascinante poder do azul. É que uma fresta solar reflete na água criando um espetáculo que nunca sai de nossa cabeça. Imagem na qual não cabe descrição. Só vendo pra crer.

As trilhas percorridas sempre a pé saindo da cidade de Lençóis, eram longas e cansativas. Mas o peso das mochilas eram aliviados com as diversas paradas para se refrescar nas cachoeiras, lagos e corredeiras encontradas pelo caminho. O salão de areia, uma superfície toda ela de calcário, lembra muito a face esburacada da Lua. A trilha da Primavera, a Gruta da Lapa Doce, o glass, maior cachoeira em queda livre do mundo, se não me engano. Pra se ter ideia, nem a água chega ao chão, ela se evapora antes.

Os peixinhos da Lapinha. Inesquecível. As cavernas, os imprenssados por onde passamos, putz. Pulei de uma cachoeira de não sei quantos metros, só falo isso: demorou alguns longos segundos até eu me espatifar na água, e como a água é negra devido a grande quantidade de ferro, ninguém via nada após o espelho d’água. Uuuuuuiiiiii...............doeu.

O Parque Nacional da Chapada Diamantina, como é tecnicamente conhecido, proporciona a qualquer um uma devoção à Natureza, que o visitante jamais abandona. E vendo o traço divino que esculpiu tamanha beleza do alto do Morro do Pai Inácio, é que nos rendemos a magnitude do local. O pôr-do-sol visto do morro é qualquer coisa de fantástico, e é lá que sentimos a plenitude e a energia positiva que o parque proporciona.

Já ia esquecendo. Descobri a minha segunda fobia nas alturas desse paradisíaco ambiente. Foi do alto do Morro do Pai Inácio, que segundo a lenda tem esse nome devido a um escravo fugido de um quilombo que saltou da pedra, que vi a face do medo.

Até então nunca tinha sentido o sentido real da palavra “pavor”. Foi lá em cima da pedra do Morro do Pai Inácio que reconheci o medo verdadeiro. Os ventos eram muito fortes, o frio era intenso, mas um bando de jovens queria mais era brincar, tirar onda e aproveitar o momento mágico. Nem nisso pensava. Não conseguia ficar em pé sem me segurar em algo ou em alguém. Foi uma sensação horrível que não mais desejo passar.
Mas depois de todo esse perrengue, valeu a pena ver a beleza do sol e a tranquilidade da Chapada Diamantina. Como tudo que vai deixa um gostinho, ficou é claro um gostinho de ‘quero mais’. No próximo post conto como foi a noite etílica do local.

Nenhum comentário:

Postar um comentário