terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu sou invisível


Qualquer semelhança é mera coincidência. Pesquisando sobre um post para o blog deparei-me com uma sinopse de um livro que certamente tenho que ler. As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky, relata a angustiante história de um moleque que se corresponde com um colega e por meio de suas cartas ele dá pistas de suas angústias, motivações, empolgações e claro suas depressões.

Ele fala das dificuldades do ambiente escolar, seus obstáculos, as dificuldades de se chegar nas garotas, sua timidez, decepções, os dramas familiares, e suas curições, festa e festas para azarar, melancolias, bucolismo e tudo junto explode numa narrativa por vezes tristonha e assustadoramente comum, peculiar e cotidiana. Ou seja, todo mundo passou por isso. O Charlie, personagem principal do livro, tem uma necessidade imensa de perpetuar suas relações de amizade.

Mas é no processo de amadurecimento que a transformação é gritante. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário - será um simples diário ou cartas a amigo mesmo?

Charlie desabafa segredos mais sepulcrais e conta o que vê como se realmente não existisse. Um simples espectador que só transmite o que vê e não age, não interfere nos acontecimentos de sua própria vida. É aquele pieguismo de ser plateia de sua própria vida ao invés de pegá-la pelos cabelos e tomar as rédeas pra si.

Super me identifiquei com o Charlie. Vi nele minha evolução em colégio, onde o sorriso não me saia do rosto, o molequismo era minha marca, sem sair de uma altivez que sempre foi minha. Sempre fui calado e discreto. Porém, aos poucos, em virtude das complicações terrenas, essa introspecção se misturava com instantes extremamente depressivos e isolados. Autoestima? Sempre baixa, pois meus momentos de atuar em minha própria vida, não foram tão legais.

Ao conversar com ex-namoradas, colegas, amigos de longa data não perco a oportunidade de questioná-los, quem eu era? Como fui? As respostas são indagativas, mas emcionadas e orgulhosas (será?). Que fui amoroso, fraterno, bom, honesto, sensível e companheiro. Deixei de ser? Não sei. Certamente alguns adjetivos deixei de ter. Fechei-me, armei-me, reagi a uma vida dura e difícil. Pessoas se afastaram de mim - sem motivos aparentes, pois não tive chance de explicar. Cometi erros, paguei, os admito, mas infelizmente jamais serei o que era.

Sinto inveja daquele Du que fui, e me aborreço com o Cadu que me tornei. Não o aprovo. Isso mesmo...não me aprovo. Não sei o ponto exato que perdi a mão e descambei. Sei que até aprendi um pouco com o Charlie e descobri convivendo quais são as vantagens de ser invisível.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Rede ácida


Em tempos de redes sociais, onde pontuamos nosso dia a dia, dizemos nossos passos, manifestamos nossos desejos, desabafamos nossas angústias e como se não bastasse vomitamos futilidades, desperdiçamos cada dia que passa a oportunidade de ficarmos com os dedos amarrados.

Inimigos ferrenhos são criados por meio de uma vírgula mal colocada. Vixe meu Pai, e quem nem sabe usar uma vírgula, como fica? Aí não tem jeito...Se quer ser rotulado como piadista este é o momento. Pedantes também. No Twitter e no Facebook - orkutizado - cada um cria seu estilo e claramente, por favor, aceitem o peso das consequências.

Tem gente que tem aquela necessidade irresistível de dizer que está feliz, feliz, feliz....na certa é pra cutucar algum desafeto e dizer que está bem e tal, só para irritar terceiros. Tem aquelas pessoas que parecem ser pagas para compartilhar fotos de mensagens, frases, recados, palavras bonitinhas, versos singelos que muitos nem sabe bem o significado das palavras que estão dividindo.

Por favor, ainda tem a galera que intima ou quase ameaça...."Se não compartilhar você vai morrer no mármore do inferno"; ou ainda aqueles que falam nada mais além do mesmo...O que seria isso? Dizer..."Eu amo minha mãe"..."eu amo meu cachorro", "eu amo meus filhos"....tenha dó, gente.

Sim, sim, sim...já estamos entrando em mais que uma década de redes sociais e a galera não aprendeu ainda. Tem fulano ou fulana que faz questão de contar em posts, seu cotidiano: quando acorda, quando come - o que come, como come -, onde foi, deixou de ir..."tô na fila do banco (imagina a empolgação)"....Por essas e outras que o Mark Zuckerberg disse que o brasileiro está estragando o Facebook - com toda razão.

Pôxa....eu já cometi todos e mais alguns erros que vemos diariamente nas redes sociais e vi como é grotesco esse tipo de postura. A gente amadurece. É a tendência....quer dizer...eu creio que sim. Se não tem o que falar, fica na tua. Deixa o povo que tem conteúdo escrever.

Eu vesti a carapuça de ficar observando e me divertindo com o circo que se transformou as redes sociais. Tiro delas o melhor, suas informações, notícias, fontes, contatos, textos. Muito chato? Então dá uma parada e se diverte com o que você mesmo postou na semana passada.

sábado, 7 de abril de 2012

Sim, sou jornalista!


Só louco mesmo. Louco pra ser jornalista. Primeiro, algo muito estranho nos motiva a ser aquele povo que fica do outro lado da tela da tv. Outros mais desvairados ainda prestam vestibular para passar quatro anos da vida no intuito de se dedicar o resto da vida a escrever, falar da vida alheia. Que pecado, meu Cristo. Passamos horas nos estressando com professores descompromissados, livros que não tivemos acesso, cópias e mais cópias para ler. Aff, é um esforço hercúlio e tudo em prol de um pouco de ombridade na vida após os muros da faculdade ter ética, respeito e seriedade ao escrever para melhorar a sociedade em que vivemos.

Doidice! Uma sandice sem tamanho fritar no sol causticamente em busca de uma sonora. Esperar horas e mais horas num cubículo aguardando um figurão explicar a merda que fez. Nem louco provocaria um deputado conhecido por matar mais de 300 e questioná-lo sobre sua ficha corrida. Sob o zunir de balas no céu, esse profissional é o único que fica de pé - tem um pingo de juízo? Somos nós que vamos até o fim para encontrar - ou tentar - enxergar a verdade dos fatos mais escusos e horrendos.

Coragem? Resignação? Força? Destemor? Honra? Não se sabe, pois se for pelo salário que recebemos, sem chance. Isso sim, só um louco. Doido varrido de amor pela sociedade, que por vezes decepciona ao eleger gente tão pedante e miserável para nos representar. Somos insanos por darmos nossa vida em troca de um 'furo' de reportagem. Muitos dão a vida, o sexo, o prazer, o oportunismo e a sua própria honra em nome de um cargo, uma vaga, uma informação. É, acontece. Mas isso é pra outra espécie de jornalista. É, galera, pode crer, existem jornalista e jornalista. Ambos não estão em seu estado normal de saúde, só pode.

Não somos celebridade apesar de sempre estarmos perto delas. Nem somos as peças chaves da sociedade plena e democrática - Há controvérsias. Pois tem gente que acha que pode sim viver sem a gente. Loucos também.

Não sei, repito, não sei, o que nos leva a fazer tudo isso. Em nome de quê? De Deus? Da paz mundial? Do pão de cada dia? Não, creio que não. Deve ter algo muito maior que nos move, algum segredo que nem nós mesmo sabemos dizer. Acordamos de madrugada para apurar, falar, procurar notícia. Dormimos tardaço pelo mesmo motivo. Ficamos com fome, não comemos, criamos fadiga, desenvolvemos stresse, úlcera, LER, DORT e outras doenças de jornalista...em nome de....continuo sem saber.

Será que é pelo prazer de dar a informação que o outro não deu? Será que é pelo fato de ter a notícia que o colega não tem? De lembrar de tal fato passado e o outro não? Ou ainda de ter mais credibilidade junto a sociedade, repito, não se dizer.

Só sei que sou 24 horas um jornalista. Posso até depois buscar outra profissão, ser advogado, empresário, jogador, mas jamais deixarei de ter o espírito de jornalista. E pra isso precisa de faculdade? Sim, é necessário. Tem gente que passou pelas bancas e se mostra um péssimo profissional, imagine sem. Tá doido?

Durmo e acordo pensando no amanhã. Qual história ir atrás. Alucinado, eu? Já me perguntaram. Minha mulher já me chamou até de alienado, brincando. Sou afixionado, apaixonado, e todo aquele que sofre de amor tem sim um pouco de transtornado, malucado e maníaco.

Portanto, se me perguntarem se sou desatinado ou um delirante, sim eu sou um mentecapto de amores pelo que faço. Apesar das decepções, dos desatinos. Apesar dos pesares, sou delirantemente apaixonado pelo que faço.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dez anos depois




Foi num feriado como esse, de Páscoa. Uma Semana Santa que ficou guardada nos corações de quem esteve na Universidade Estadual da Bahia, em na Páscoa de 2002. Neste momento, na Sexta-feira Santa, estávamos enchendo a cara dentro da Universidade ao som de uma banda de Rock local. Naquele ano, os cursos de Comunicação da Ufal e do antigo Cefet foram à Salvador para o Encontro Regional de Comunicação (Erecom). O evento lá propunha a Autogestão como solução para os problemas sociais. Utópica ideia de que cada um fazendo sua parte, a harmonia reina na parada. Bobagem! Alguém sempre vai vacilar e romper esse elo. E assim aconteceu...

Cada delegação era responsável por uma tarefa do Encontro. Uma galera tomava conta das atividades, outra era responsável pela comida, uma terceira pelas palestras, limpeza, e por aí! A massa tava querendo mesmo era farrear na cidade, azarar, paquerar e beijar na boca. E assim foi feito.

A delegação alagoana nem se conhecia muito. Alunos do Cefet e Ufal se misturaram e deu uma boa fórmula. Amizade persiste até hoje. Dez anos depois vemos as consequências dos corações partidos, dos relacionamentos firmados - outros nem tanto - das intrigas, das histórias, enfim, o elo fraterno jamais se desvencilhou desde então, porém se enfraqueceu.

Quem viveu a Ufal naquele início dos anos 2000 pode avaliar o tal Erecom de Salvador como divisor de águas. Amizades fidigais surgiram, arqui-inimigas se tornaram ainda mais rivais, paixonites e amores brotaram e o Cos ganhou em dramaticidade. Mas aos poucos tudo aquilo foi se fragmentando, tornando-se pequeno, esquecível para uns até. O gigantismo da vida, do cotidiano, dos compromissos que surgiram no pós-Ufal construiu uma muralha da China entre os inseparáveis amigos.

Seja por trabalho, família, amigos novos, nos esquecemos daquilo que nos unia: o amor, o companheirismo. Eles se foram. Existem ainda, mas estão adormecidos. Basta aquela velha turma se reunir, se olhar, se abraçar que todos aqueles sentimentos embutidos dentro de nós saírem novamente. É só um empurrãozinho.

FARRAS

Bem, uma década já se passou daqueles dias que marcaram época para aqueles jovens alagoanos na capital baiana. No primeiro dia, fizemos duelo de cantorias com o a delegação cearense. Meninos esses, que pensavam que em Alagoas só tinha bocó, pois viviam flertando com nossas garotas. Perderam! Todos embriagados cantavam..."Maceió, minha sereia, Maceió....Minha jangada partindo pra o mar, pra pescar...Maceió...." Isso por altas horas.

Depois foi a vez do Pelô, da Bahia de Todos os Santos, Mercado Modelo, Itapuã. Tinha discussão até para ir pra balada. Um povo queria a curtição do Rio Vermelho, outros estavam loucos para bailar ao som da Mambolada - você se lembra? Creio que não. Não podíamos partir o busão em dois, fizemos votação então. Como também não teve sucesso, dividimos horários . Apesar de desencontros foi tudo legal.

Na boate...bem, na boate, só para vocês terem noção, tinha menina vomitando no lixeiro do banheiro, pensou até que era piscina e caiu dentro. Eram outras caindo de bêbadas, dançando como se aquele fosse o último dia de suas vidas. Últimos beijos derradeiros de uns, e os olhares iniciais de outros...

E que assim seja sempre. Foi bom, foi inesquecível, mas já foi. Dez anos do Erê de 2002, em Salvador. Eu posso dizer...eu fui!